‘O poder público não tem estrutura para atender todas as pontas’, diz Leite sobre reclamação de quilombolas desassistidos

“O poder público não tem a estrutura suficiente para atender em todas as pontas”, disse o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, sobre a calamidade causada pela inundação histórica no estado.

A fala é uma resposta ao questionamento sobre as reclamações de quilombolas do bairro Sarandi, em Porto Alegre, sobre faltar ajuda do governo. Leite afirmou que o volume de pessoas desalojadas e em abrigos dificulta o atendimento “em todas as pontas”.

“Nós temos 80 mil pessoas em abrigos públicos, mais de meio milhão fora das suas casas, desalojadas ou desabrigadas. Isso traz uma proporção de atendimento de casos que naturalmente o poder público não tem a estrutura suficiente para atender em todas as pontas. Há um grande esforço de coordenação dos municípios, o Estado dando suporte, o governo federal também ajudando a repassar recursos para que a gente possa ter o atendimento qualificado”, disse em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, nesta sexta-feira (17).

Um dos quilombos afetados pela inundação histórica que atingiu o Rio Grande do Sul foi o Quilombo dos Machado, que fica na zona Norte da capital, Porto Alegre. A comunidade está debaixo d’água.

“A realidade dos quilombos é a de esquecimento. Desde o nosso sequestro da África até agora, nada foi fácil para o nosso povo preto. A gente vive, nesse momento, caos”, disse Jamaica, uma das lideranças do Quilombo dos Machado, em entrevista ao Conexão GloboNews nesta sexta.

Medidas adotadas pelo governo estadual

Eduardo Leite afirmou que está trabalhando para estruturar abrigos, garantir alimentação e desenvolver moradias temporárias. Leite diz ainda que “o trabalho de assistência social é feito na ponta pelos municípios” e que o estado tenta orientar as cidades e repassar recursos “para estruturar o melhor atendimento dessas pessoas”.

Nesta sexta, Leite anunciou o início do pagamento do programa Volta Por Cima, que vai repassar recursos às famílias em situação de pobreza e extrema pobreza inscritas no Cadastro Único e que foram atingidas pelas enchentes. Cerca de 47 mil famílias devem receber R$2,5 mil cada.

O programa não é novo. Foi criado em 2023 para atender as vítimas das enchentes de setembro daquele ano.

Pelo menos 7 mil famílias receberam o dinheiro nesta sexta e as 40 mil famílias restantes devem receber o benefício até 24 de maio, segundo o governador.

As famílias que não se enquadram na situação de pobreza ou extrema pobreza, receberão um cartão com o valor de R$ 2 mil. Esse benefício será financiado com os mais de R$ 100 milhões arrecadados pelo estado por meio do Pix SOS RS. O repasse para as famílias começa nesta sexta nas cidades de Encantado e Arroio do Meio.

Os beneficiados pelo programa Volta por Cima não poderão receber o repasse do PIX SOS RS.

Dívida do RS com a União

Em 13 de maio, o governo federal anunciou que suspenderia o pagamento da dívida do Rio Grande do Sul com a União por três anos.

A medida deve evitar gastos de R$ 11 bilhões com as parcelas e mais R$ 12 bilhões com os juros da dívida – que soma R$ 97,7 bilhões, de acordo com o Ministério da Fazenda.

Ao Estúdio i, Leite disse que a decisão sobre a dívida é um gesto importante do governo federal.

No entanto, o governador afirma ter pedido ao governo federal seja feita uma reposição de perdas para que a suspensão da dívida “seja convertida efetivamente em capacidade de investimentos”. Assim, segundo ele, o valor da dívida que ficará nos cofres gaúchos não servirá apenas para amortecer a perda da arrecadação causada pela calamidade no estado.

Fonte: G1

Veja Mais

Deixe um comentário

Vídeos