Delegado quer pedir arquivamento do inquérito sobre estupro coletivo

G1Menor voltou atrás outra vez e diz que sexo foi consentido

Menor voltou atrás outra vez e diz que sexo foi consentido

O delegado Queops Barreto afirmou, em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (12), que vai pedir ao Ministério Público (MP) o arquivamento do inquérito que investiga a denúncia do estupro coletivo contra uma garota de 17 anos em Indiara, a 100 km de Goiânia. Entre os cincos suspeitos, estavam o vereador e vice-presidente da Câmara Municipal, Jean de Castro (DEM), e o irmão dele, o comerciante Leandro de Castro, com quem a adolescente teve um relacionamento e agora afirma estar namorando.

De acordo com o delegado, a decisão foi motivada por um novo depoimento da menina, na quarta-feira (10), alegando que manteve relação sexual com mais de uma pessoa, mas que elas foram consensuais. "Diante das novas declarações da vítima, afirmando os atos sexuais ocorridos, mas alegando que foi consentido, não há mais crime a se investigar", explicou.
No último dia 5, contudo, o delegado afirmou, em entrevista ao vivo à TV Anhanguera, que havia recebido um laudo comprovando que a adolescente foi violentada e manteve relação sexual com mais de uma pessoa.

"Estou com o laudo em mãos e o laudo comprova os atos sexuais com a adolescente e que teve mais de uma pessoa praticando esses atos sexuais e que, para praticar esses atos, houve uma ação de violência", revelou o delegado na época.

Porém, na entrevista desta manhã, o delegado voltou atrás e disse que o laudo ainda não havia sido emitido e que revelou as informações de forma "extraoficial". "Tive informações dos peritos que havia mais de um material genético. Mas isso estava condicionado à doação desse material para a conclusão da perícia. Não está confirmado que havia mais de um material genético. Em termos oficiais, não está nos autos", declara.

O delegado informou ainda que, como a investigação do crime de estupro será encerrada, não vai mais requisitar a continuação das perícias. "O laudo só seria emitido se houvesse o confronto com o material genético dos suspeitos", disse.
Prisão
Os cinco suspeitos chegaram a ser presos no último dia 4, suspeitos de estarem tumultuando as investigações. Porém, cinco dias depois, a Justiça revogou a prisão e eles foram soltos.

No último dia 2, a garota já havia ido à delegacia para mudar sua versão. O delegado esclareceu por que não pediu o arquivamento do caso naquela ocasião: "Daquela vez, ela disse que teve relação só com o Leandro. Porém, eu desconsiderei aquele depoimento porque sabia que ela estava mentindo".

Barreto explica que a garota vai responder judicialmente por ter apresentado uma nova versão do caso. "Pelo fato dela ter comunicado a ocorrência de crime que ela sabia que não existiu, ela vai responder, como é menor, pelo ato infracional análogo ao crime de denunciação caluniosa, porque ela movimentou a polícia para investigar um crime que não ocorreu", explica.

Paralelo a isso, também será investigada uma suposta promessa que a vítima teria recebido dos suspeitos, de que receberia um lote e R$ 10 mil para retirar a queixa e estupro.

O advogado dos suspeitos, Danilo Vasconcelos, disse ao G1 que soube do pedido de arquivamento pela imprensa. Segundo ele, com a decisão, "a verdade veio à tona". O defensor acusa a garota de ter causado todo o problema e alega que a imagem de seus clientes ficou manchada depois de tudo que ocorreu.

"Foi uma situação que trouxe muitos transtornos para eles. Vamos estudar a possibilidade de entrar com uma ação judicial contra o Estado nesse sentido. Não vejo uma situação em que o delegado ou a Justiça seja culpado. A culpa é da menina", opina.

O G1 também tentou contato com o advogado da adolescente, Thiago Marçal. Porém, as ligações não foram atendidas até a publicação desta reportagem.
Crime
Inicialmente, a menor afirmou que foi violentada em uma festa na casa do atual namorado, que é irmão do vereador Jean de Castro, no dia 9 de novembro. Na época, a adolescente afirmou que, enquanto mantinha relação sexual com Leandro em um dos quartos da residência onde ocorria a festa, os outros quatro homens entraram e a abusaram sexualmente. “Eles me morderam, me bateu de chinelo, me deu tapa (sic)”, contou a jovem.

Ela afirmou que o vereador ficou com medo de ser flagrado pela namorada durante o ato e disse acreditar que o estupro já tinha sido planejado pelos suspeitos porque eles falavam entre si sobre “seguir um esquema” durante o evento. Na ocasião, a jovem relatou ter sofrido mudanças drásticas na rotina após ter denunciado o caso.

“Eu não estou nem saindo de casa por causa disso, nem de dia eu estou saindo. Saio daqui só acompanhada com o Conselho [Tutelar]. Eu não estou fazendo mais nada do que costumava fazer”, contou, logo após a denúncia.

Fonte: G1

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