‘Queria muito’, diz jovem do RS após vencer concurso de ideias da Harvard

Arquivo PessoalArquivo PessoalRaíssa Müller, 19 anos, desenvolveu 'esponja' que filtra e reaproveita óleo

Raíssa Müller, 19 anos, desenvolveu ‘esponja’ que filtra e reaproveita óleo

Foi o contato desde a infância com a indústria de couro do Rio Grande do Sul que inspirou Raíssa Müller, de 19 anos, a criar um projeto de pesquisa inovador. Ela foi selecionada ao lado de outra brasileira a participar de um programa que incentiva projetos de empreendedorismo social promovido por alunos da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

De Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, município conhecido por ser polo da indústria de calçados, a jovem se prepara para viajar a uma conferência no campus da universidade em novembro, quando terá a oportunidade de apresentar suas ideias.
A estudante do ensino técnico em química criou uma espécie de esponja que repele água e absorve óleo, que poderia ser utilizada em acidentes como derramamentos no mar. A inspiração veio de desastres que ocorreram próximos a ela, como o caso da mortandade de 86 toneladas de peixes no Rio dos Sinos, em 2006, que beira sua cidade-natal.

“Queria muito ser selecionada. As questões do meio-ambiente sempre me chamaram a atenção. Moro numa região com muita indústria. Pensei em fazer uma técnica nova de filtragem e armazenamento de óleo, que ele pudesse ser recuperado, limpo e voltasse para ser reutilizado”, contou a jovem.

Sua família trabalha com cortume por gerações, mas, segundo Raíssa, nunca houve pressão para que ela seguisse no ramo. “Eles sempre me incentivaram. Minha carreira dos sonhos é ser pesquisadora”, revelou.

No seu curso, os estudantes são incentivados a desenvolver uma pesquisa desde cedo. A ideia deve ser do aluno e é orientada por professores da área. Conforme Raíssa, a Fundação Liberato ajuda basicamente na parte da experimentação. Decidida, a gaúcha conta que partiu dela também a vontade de se inscrever para o projeto da universidade norte-americana.

“Foi uma questão mais independente. Eu estava participando de outro concurso e recebi um e-mail dizendo que abriram as inscrições, mas, na verdade, faltavam duas semanas pra fechar. Foi uma correira, sabia das dificuldades e me dediquei bastante”, disse.

Durante o processo seletivo, além de responder a um questionário onde tinha que defender a ideia do projeto, precisou gravar um vídeo, ir para votação popular em um site e participar de entrevistas online com representantes de Harvard.

“Depois disso eles assinaram e veio a resposta. Nossa, eu chorei. Pretendo estudar fora, então isso vai me ajudar. Foi incrível”, relembrou. No total, entre 80 inscritos, apenas 5 foram premiados
Raíssa vai concluir o ensino técnico de quatro anos em 2015, e pretende em seguida disputar uma vaga em uma universidade americana, para mesclar estudos de psicologia e neurociência
Participar da conferência vai ser também uma oportunidade de conhecer outras pessoas da área e, talvez, angariar investimentos. Na etapa final, a “esponja” de Raíssa precisa passar por uma etapa laboratorial em grande escala. Os primeiros testes custam cerca de R$ 800.

“Paguei tudo até agora. É o aluno que vai atrás, não tem investimento”, revelou. Um site de crowdfunding faz uma campanha na internet para arrecadar fundos aos projetos selecionados para a Harvard.

Fonte: G1

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