Após ensino técnico, pedreira não consegue emprego

Ana Aline da Silva (primeira à esq) e suas irmãs construíram uma casa para a mãe
Ana Aline da Silva (primeira à esq) e suas irmãs construíram uma casa para a mãe

Ana Aline da Silva, 25, diz que "não gosta de moleza". Por isso, quando terminou o ensino médio, resolveu que, em vez de ir para a universidade, "muito téorica", ia fazer um curso técnico de construção civil. Queria ser pedreira.

"É uma área muito concorrida no mercado de trabalho, não é só para homem", diz, antes mesmo de ser questionada sobre a fama de profissão "masculina".

Mas, após fazer um curso do Senai em Santa Izabel do Pará, ela não conseguiu emprego na área. Quando procurou empresas de construção, riram dela e disseram que ser pedreiro não era coisa para mulher.

"Disseram: lugar de mulher é na cozinha, canteiro de obras é muito pesado. Eu respondi que era capacitada e mesmo assim não me aceitaram", contou à BBC Brasil.

Depois disso, no ano passado, Aline fez um curso de auxiliar administrativo pelo Programa Nacional de Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), o programa de cursos profissionalizantes financiado pelo governo.

Ela diz que o que queria mesmo era trabalhar na construção civil. E aproveitou o curso do Senai para , junto com as irmãs, construir uma casa de alvenaria para a mãe, substituindo a antiga, de madeira.

Para onde vão as mulheresAssim como Aline, cada vez mais mulheres estão tentando se inserir no mercado de trabalho por meio do ensino profissionalizante.

No Pronatec, por exemplo, 63% das participantes são mulheres. Mas não se sabe ao certo se elas estão, como Aline, se aventurando em áreas que vinham sendo tradicionalmente ocupadas por homens.

O Ministério da Educação não informou em quais cursos estão essas mulheres – mas acredita-se que muitas estejam fazendo, por exemplo, cursos de recepcionista e manicure e pedicure, que costumam estar entre os mais procurados pelo programa.

Apesar disso, instituições de formação profissional ouvidas pela reportagem afirmam que cada vez mais mulheres entram em cursos antes restritos aos homens.

No Senai do Pará, Estado de Aline, por exemplo, desde 2003 as matrículas de mulheres subiram de 12% do total para 29%. No curso de Construção, as mulheres eram 1% dos inscritos e agora já são 24%, quase um quarto do total. No de Marcenaria, passaram de 6% para 13%.

As mulheres continuam sendo maioria absoluta em cursos tradicionais, na área de costura industrial.

Fonte: BBC Brasil

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