Morador discute com homem mascarado durante protesto
Os protagonistas da discussão do domingo passado (19) no Leblon, Zona Sul do Rio, onde houve um ‘rolezinho’, ficaram surpresos com a repercussão do vídeo divulgado em redes sociais. O bate-boca entre o cineasta e morador do Leblon Dodô Brandão e o ativista Eron Moraes, que ficou conhecido por ir a protestos vestido como Batman, gerou mais 120 mil acessos na internet até as 12h desta quinta-feira (23). O vídeo tem sido bastante compartilhado e comentado nas redes sociais.
"Eu tenho recebido telefonemas de amigos e mensagens pela internet de conhecidos. Foi minha filha quem me avisou. Muita gente está achando engraçado, dizendo que queria estar lá para encarar o Batman também", contou Dodô Brandão.
De acordo com o cineasta, apesar da situação ser inusitada, ele confessa que prefere ficar longe do assunto e que "falou mais do que deveria e do que gostaria". Dodô atribui a situação ao momento que o bairro do Leblon vive, repleto de interdições e obras da linha 2 do metrô.
"Eu falei aquilo depois de enfrentar um bando de tapumes e interdições para chegar ao shopping, coisa que está cada vez mais difícil pra quem mora ao lado da obra do metrô. Chegando lá, vi que eles foram obrigados a fechar por causa desse protesto [rolezinho]."
‘Quer discutir Batman comigo?’, diz manifestante em vídeo
Eron Moraes, que estava com a fantasia do Batman, disse que a repercussão tem sido positiva e que o objetivo é aparecer. "Graças a Deus, tem muita gente me apoiando. Tenho adicionado muita gente no meu Facebook, que já deixou de ser do Eron e virou do Batman. A intenção é essa mesma: o objetivo do Batman é aparecer, óbvio, mas para lançar uma mensagem", contou.
A cena ocorreu enquanto Eron dava uma entrevista para uma televisão francesa, onde explicava a razão dos protestos chamados de ‘rolezinho’ e o papel da figura do super-herói nas manifestações. Eron disse que o cineasta interrompeu a entrevista e que o agrediu verbalmente, criticando a postura dele naquele movimento, principalmente pelo fato do Batman ser um herói norte-americano, que seria, segundo o cineasta, um símbolo do capitalismo.
“Este senhor estava cheio de ódio, entrou no meio da entrevista, me chamou de idiota, baderneiro. Acho que ele deve ter problemas com o Batman e começou a me ofender. Ele falou que eu era de direita. Teve uma senhora que passou e falou que eu era comunista", disse.
Personagem devia ser ‘brasileiro’
Para Dodô Brandão, os argumentos do ativista fantasiado eram ignorantes sobre a questão social do país. Além disso, o tema da fantasia, segundo ele, poderia ser mais brasileiro.
"Se tem alguma coisa que avançou no Brasil foi exatamente a questão social. Então acho que é uma postura ignorante, sem conteúdo. Ele estava posando para os fotógrafos e aproveitando a situação para aparecer. Ele ficava dizendo que era o Paladino da Justiça e que estava ali para protestar a questão social do país. Por que não vem de Lampião ou Zumbi dos Palmares? Algo mais brasileiro, de pessoas que realmente lutaram pelo Brasil”, argumentou Dodô.
A diferença entre as realidades sociais no Rio de Janeiro é o argumento de Eron para rebater as críticas. "Não estou falando de todos, mas muita gente fomenta a desigualdade social pelo comportamento, preconceito e raiva. Os moradores de áreas mais ricas criticam porque não estão acostumados a conviver com o povo. Ou seja, quer dizer que quando eles se reúnem para subir a favela é turismo, mas quando o ‘favelado’ se junta para ir ao shopping vira vandalismo."
Repercussão na web
Comentários bem-humorados sobre o vídeo já tomam conta das redes sociais. Em um deles, o perfil de um homem diz “Achei que quando o Batman do Leblon tirou a máscara, iria ser revelado o Ben Affleck, DC perdeu uma ótima oportunidade de divulgação”, dizia. Até o francês que fazia reportagem na hora do tumulto postou no Twitter uma mensagem com brincadeira que circulou
após o vídeo viralizar.
‘Rolezinho’ furado
O "Rolezinho no Shopping Leblon", que no Facebook tinha mais de 9 mil confirmações de presença, foi frustrado pelo fechamento do centro de compras no domingo. O evento estava marcado para as 16h, mas acabou virando um pequeno e pacífico churrasco, embalado pelo funk, na calçada do empreendimento comercial.
