Um tumulto em uma das unidades do Núcleo Estadual de Atendimento Socioeducativo (Neas) deixou dois monitores feridos na manhã desta quinta-feira, dia 17. As primeiras informações, colhidas no local, davam conta que um dos monitores foi agredido com um espeto artesanal, no entanto, ficou constatado que os monitores foram feridos a pedradas. A assessoria do órgão confirmou o incidente, mas descartou rebelião.
Um monitor – que preferiu não se identificar – falou com a imprensa e reclamou do salário pago à categoria, do efetivo (considerado por ele baixo) e, em momento de ‘desabafo’, referiu-se aos menores que cumprem menina socioeducativa como ‘vagabundos’ e ‘maus elementos’, entre outros adjetivos. O pronunciamento do funcionário levantou uma questão discutida há muito por órgãos da justiça, da segurança pública e da sociedade civil organizada no que se refere ao ‘preparo’ dos monitores em lidar com menores e também com situações limite.
O mesmo monitor relatou que o problema é recorrente e que nos horários das refeições os menores se dividem em grupos deixando o clima tenso no local. Ainda segundo ele, o ‘tumulto’ desta manhã se deu no momento em que os menores se reuniram para o café da manhã. Os menores teriam armado uma emboscada e ferido os colaboradores. “Eles armaram uma cocó (gíria usada por delinquentes) e agrediram os companheiros”.
Ainda durante o desabafo, o monitor questiona o fato de os monitores não portarem armas e enfatizou que a categoria vive exposta a agressões dentro da unidade.
Nota Sepaz
O Núcleo Estadual de Atendimento Socioeducativo (NEAS) esclarece, através de nota à imprensa, que o motim ocorrido na Unidade de Internação Masculina (UIM), para adolescentes de 15 a 17 anos, aconteceu em decorrência do procedimento de revista dos alojamentos. "Este é um procedimento padrão na rotina de trabalho das unidades, feito pelos próprios monitores, para retirada de objetos irregulares", diz a nota.
"Durante a revista desta quinta-feira, 12 adolescentes da UIM investiram contra um monitor, ferindo-o na cabeça com uma pedra. Eles instigaram os outros 24 adolescentes da unidade e iniciaram a confusão, um motim, que foi contornado rapidamente pelos monitores e equipes de segurança do NEAS, sem necessidade de auxílio policial.
Neste motim, três funcionários do NEAS foram feridos: o monitor, com a pedrada no rosto, e dois educadores sociais que tentaram conversar com os socioeducandos – um machucou o joelho e o outro teve o braço quebrado. Todos foram encaminhados ao Hospital Geral do Estado (HGE), onde nenhum caso foi identificado como grave e receberam os devidos cuidados médicos.
Aproveitamos esta nota para explicar alguns termos referentes à rotina das unidades do NEAS. Os adolescentes que aqui estão são chamados de socioeducandos e cumprem medida socioeducativa de privação de liberdade, ao invés de estarem presos, como os reeducandos (adultos cumprindo pena). Não somos uma prisão com guardas e não dispomos de celas – os adolescentes ficam em alojamentos e são supervisionados por monitores desarmados e educadores sociais, além de uma equipe técnica multidisciplinar."