Oscar Pistorius premeditou morte da namorada, diz acusação

Audiência na África do Sul define se ele vai ter direito a fiança.

Waldo Swiegers/AP PhotoOscar Pistorius esconde o rosto durante trajeto para o Tribunal. Ele está preso desde quinta-feira (14) pela morte de sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp.

Oscar Pistorius esconde o rosto durante trajeto para o Tribunal. Ele está preso desde quinta-feira (14) pela morte de sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp.

A promotoria da África do Sul considera que o atleta paralímpico Oscar Pistorius cometeu "assassinato premeditado" na quinta-feira passada porque, segundo afirma, atirou contra a namorada, "uma mulher inocente".

"A vítima foi atingida três vezes quando estava no banheiro", afirmou o promotor Gerrie Nel.

"A porta do banheiro foi derrubada pelo lado de fora. Acreditamos que a porta estava trancada com chave", disse Nel na sala de audiência de um tribunal de Pretoria.

O crime de homicídio premeditado pode ser punido com a prisão perpétua na África do Sul.

Defesa

O advogado do atleta respondeu que a morte da jovem, a modelo Reeva Steenkamp, "não foi um assassinato".

"Não há nenhum elemento que indique a mínima premeditação. Tudo o que sabemos é que se trancou no banheiro. Ela foi morta no banheiro (…) ele acreditou que era um invasor", disse o advogado Barry Roux.

Pistorius chorou descontroladamente na corta enquanto Nel apontava os detalhes do crime que chocou a África do Sul e milhões de pessoas ao redor do mundo, que viram o atleta biamputado se tornar um herói nas pistas de atletismo e um símbolo da luta contra as adversidades.

A audiência desta terça vai definir se ele terá direito ou não a fiança. Ele está preso desde quinta (14) pelo crime.

O sul-africano biamputado que se tornou um dos maiores nomes do atletismo mundial foi levado ao complexo num carro da polícia. Durante o trajeto, ele cobriu a cabeça.

Reeva Steenkamp foi encontrada morta em sua casa, em Pretória, na madrugada de quinta-feira (14). A família da modelo disse em entrevista ao jornal sul-africano “Times Live” que tudo o que quer são respostas.

O funeral de Steenkamp também aconteceu nesta terça-feira na cidade de Port Elizabeth, onde houve protestos contra Pistorius.

“Ela ainda tinha muito para dar e tudo isso foi embora agora. Em um piscar de olhos ou uma respiração, a pessoa mais bela que já viveu não está mais aqui”, afirmou June Steenkamp, mãe da modelo de 29 anos. “Tudo o que temos agora é essa horrível morte para lidar. Tudo o que queremos são respostas. Respostas para por que isso teve que acontecer, por que nossa linda filha teve que morrer assim.”

A entrevista dada por telefone ao jornal foi a primeira declaração da mãe de Reeva após o crime.

“Ela tinha muito orgulho de ser sul-africana. Ela amava esse país e todas as suas pessoas. Era o único lugar que ela podia chamar de casa”, disse June.

O pai da modelo, Barry, disse ao jornal inglês “Daily Mail” que estava se esforçando para “achar alguma razão para isso ter acontecido”. A família deve divulgar um comunicado após o funeral de Reeva.

“Estamos tentando não pensar na audiência de Oscar. Não assistimos TV nem ouvimos rádio. Nós não queremos pensar nisso. Queremos apagar tudo e focar no que está acontecendo agora”, afirmou o pai, que disse que qualquer seja o resultado na corte, não trará sua filha de volta. “A questão não é o resultado. Queremos saber se ele tinha intenção. Estamos confiantes de que a justiça seguirá seu curso.”

Pistorius foi acusado de matar a namorada em sua casa de Pretória. A polícia descartou a tese de que Pistorius, de 26 anos, teria confundido a namorada com um ladrão. A promotoria quer que ele responda por crime premeditado.

Violência contra a mulher

A queda de Pistorius, o primeiro biamputado a correr nas Olimpíadas, chocou a África do Sul, onde muitos o viam como um raro exemplo de herói que transcendeu as divisões raciais que persistem na "Nação Arco-Íris" de Nelson Mandela.

Mas o assassinato de Steenkamp mais uma vez colocou um holofote sobre os níveis assustadoramente altos da África do Sul de violência contra as mulheres. O país ainda se recupera do assassinato este mês de Anene Booysen, de 17 anos, que foi estuprada, mutilada e deixada para morrer em um canteiro de obras.

A Liga das Mulheres do Congresso Nacional Africano pediu aos tribunais para negar fiança para Pistorius para mostrar que o governo está falando sério sobre o fim da violência baseada no gênero.

Sua família disse no sábado que Pistorius estava entorpecido com a dor e choque, e um pastor que o visitou no domingo (17) disse que ele ainda estava perturbado.

Fonte: G1

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