Laudo diz que chama de sinalizador foi a 1.200°C antes de fogo na Kiss

RBS TV teve acesso a laudo do Departamento de Criminalística do IGP. Temperaturas até 378°C já seriam suficientes para incendiar espuma.

Um laudo do Departamento de Criminalística, que compõe o inquérito da Polícia Civil sobre o incêndio na boate Kiss, revela dados inéditos sobre os momentos que antecederam a tragédia do dia 27 de janeiro. O documento de 161 páginas aponta, por exemplo, que a temperatura causada pelas faíscas do sinalizador chegou a 1.267 °C, como mostra a reportagem do Teledomingo, da RBS TV.

De acordo com a perícia, temperaturas entre 271°C e 378°C já seriam suficientes para incendiar a espuma que fazia o isolamento acústico da casa noturna. "Certamente, o toque dessas centelhas com a espuma foi decisivo para todo esse acontecimento", afirmou o delegado Sandro Meinerz.

Vídeos gravados por celulares de pessoas que estavam na Kiss naquela noite mostram o momento em que o incêndio começou. Integrantes da banda tentaram, sem sucesso, apagar as chamas com um extintor, e a fumaça tomou conta do local em poucos segundos.

O inquérito da Polícia Civil também mostra um ofício do Ministério Público que, segundo a polícia, reforça as suspeitas de que o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, foi omisso. Ele está entre as 28 pessoas responsabilizadas pela tragédia. O documento do dia 6 de setembro de 2011 indica que o MP pediu informações ao prefeito sobre a documentação da boate Kiss. Na resposta, 15 dias depois, o secretário de Proteção Ambiental admitiu que o alvará da casa noturna estava vencido.

A assessoria do prefeito disse que é de responsabilidade da chefia de gabinete o despacho de ofícios que chegam até o executivo e que o material citado pela polícia foi encaminhado à secretaria de proteção ambiental.

Banda de Kiko gravaria clipe na Kiss
Antes da tragédia, a banda Projeto Pantana, de Elissandro Spohr, estava pronta para gravar um clipe na boate Kiss. Um vídeo, que está em poder da polícia, mostra cenas em que o grupo usa fogos de artifício, o que confirma a tese de que shows pirotécnicos eram frequentes no local. Nas imagens, as chamas quase atingem o teto da casa.

Em depoimento ao Fantástico uma semana após a tragédia, Elissandro garantiu que fogos jamais haviam sido utilizados dentro da Kiss, nem mesmo pela banda Gurizada Fandangueira. De acordo com a polícia, uma apresentação semelhante a registrada no vídeo foi realizada no dia da tragédia.

Jader Marques, advogado de Kiko, afirmou que o clipe foi gravado fora do horário de funcionamento da boate, com equipamento específico e presença de profissionais especializados para lidar com a situação.

Entenda
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, na madrugada de domingo, dia 27 de janeiro, resultou em 241 mortes. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco. O inquérito policial, que indiciou 16 pessoas criminalmente, conclui que:

– O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso no palco
– As faíscas atingiram a espuma do teto e deram início ao fogo
– O extintor de incêndio do lado do palco não funcionou
– A Kiss apresentava uma série das irregularidades quanto aos alvarás
– Havia superlotação no dia da tragédia, com no mínimo 864 pessoas
– A espuma utilizada para isolamento acústico era inadequada e irregular
– As grades de contenção (guarda-corpos) obstruíram a saída de vítimas
– A casa noturna tinha apenas uma porta de entrada e saída
– Não havia rotas adequadas e sinalizadas de saída em casos de emergência
– As portas tinham menos unidades de passagem do que o necessário
– Não havia exaustão de ar adequada, pois as janelas estavam obstruídas

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