Vítima diz que passageiro chutou motorista antes de acidente no Rio

Mulher do motorista diz que ele não lembra do acidente.

Sergio Moraes/ReutersÔnibus caiu de um viaduto deixando 7 mortos e 11 feridos no Rio de Janeiro.

Ônibus caiu de um viaduto deixando 7 mortos e 11 feridos no Rio de Janeiro.

A cabeleireira Conceição Rodrigues Santana, mãe de Amanda Santana Silva, de 19 anos, estudante de farmácia da UFRJ que está internada no Hospital Getúlio Vargas, contou, na manhã desta quarta-feira (3), que a filha disse que um passageiro teria chutado o rosto do motorista durante uma discussão. Segundo a estudante de farmácia, a briga teria feito com que o motorista o motorista perdesse a direção e despencasse do Viaduto Brigadeiro Trompowski, na Avenida Brasil, na tarde de terça-feira (2).

Amanda disse à mãe que um estudante fez sinal para que o motorista parasse em um determinado ponto. Como ele não parou, o jovem teria pulado a catraca e iniciado uma discussão com o condutor do coletivo. O acidente deixou 7 pessoas mortas e 10 feridas.

Segundo Conceição, a estudante tem o quadro estável, mas está com uma fratura no cóccix. "Ela chora, ela sente dor". Amanda voltava do segundo dia de trote na UFRJ, na Ilha do Governador, quando pegou o ônibus para voltar pra casa, que fica em Irajá, no Subúrbio do Rio.

Motorista não lembra do acidente, diz mulher

A mulher do motorista André Luiz da Silva Oliveira, de 33 anos, que dirigia o ônibus da empresa Paranapuã que caiu de um viaduto na Avenida Brasil na tarde de terça-feira (2), afirmou na manhã desta quarta (3) que o marido não se lembra de nada. “Ele não lembra de nada, nem do acidente, nem da filha de dois anos”, disse, emocionada, Francilene dos Santos.

Francilene esteve no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, na Zona Norte do Rio, na manhã desta quarta para visitar o marido, que continua internado. Ao chegar no hospital, ela também reclamou da empresa de ônibus Paranapuã, que, segundo ela, não prestou qualquer auxílio ao motorista.

Pelo menos quatro feridos ainda estão em estado grave

Na manhã desta quarta, seis corpos das sete vítimas da queda do ônibus já tinham sido liberados pelo Instituto Médico Legal.

Dos 10 feridos, quatro pessoas estão em estado grave. O motorista do ônibus está internado com fratura no fêmur e traumatismo craniano. A polícia já está com a câmera do circuito interno do ônibus.

Há ainda pessoas internadas nos hospitais Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, no Miguel Couto, na Zona Sul, no Souza Aguiar, no Centro e no HGB, em Bonsucesso. Um jovem de 18 anos está em estado gravíssimo com traumatismo craniano no Hospital Getúlio Vargas. Na mesma unidade, um senhor de 80 anos, também com traumatismo craniano, passa bem. Ainda no Getúlio Vargas, uma jovem de 18 anos, que teve um trauma leve no tórax, passa bem.

As pessoas que morreram foram Marcos do Nascimento, de 42 anos, José de Jesus, de 42 anos, Ângela Maria Reis da Silva, 62 anos, luiz antônio do Amaral, de 41 anos, Francisco Batista de Souza, de 40 anos, Oséas da Silva Cardoso, 39 anos e Luciana Chagas da Silva.

O delegado José Pedro Costa da Silva, da 21ª DP (Bonsucesso), que investiga a queda de ônibus,disse que a agressão pode ter causado o acidente que deixou sete mortos. José Pedro ouviu sobreviventes e o próprio motorista, e contou que os primeiros relatos confirmam a discussão entre os dois e que o veículo estava em alta velocidade. O delegado destacou que pretende ouvir o motorista novamente nesta quarta, pois na terça-feira ele não estava em condições de prestar depoimento.

“Nós temos duas testemunhas que estão lúcidas, mas que nos falaram que ele vinha em alta velocidade e isso causou a insatisfação de um passageiro por ele não ter parado no ponto”, conta o delegado .

Nelson Martins e o balconista Arioslvado Lima estavam no ônibus que caiu do viaduto. Eles desceram momentos antes do acidente e contaram uma história que pode ajudar a revelar o que aconteceu.

De acordo com o relato das testemunhas, um homem não conseguiu descer onde desejava e a partir daí, começou uma discussão. Segundo uma das testemunhas, o homem pulou a roleta e passou a gritar com o motorista, que também se exaltou. As duas testemunhas, então, deixaram o ônibus.

“O motorista parou, levantou, discutiu verbalmente, xingando palavrões, e os passageiros começaram a reclamar, que moram longe e tal, ele seguiu adiante. Ao descer eu olhei para trás, eu vi os dois discutindo, principalmente o passageiro, fazendo gesto e tal”, conta Ariosvaldo.

“A única coisa do ônibus que eu ouvi quando desci foi motorista falando ‘você não vai pular de volta não, então você vai comigo até o Centro’”, conta Nelson.

O ônibus tinha uma câmera interna que registrou tudo o que aconteceu dentro do veículo e a câmera já está com a polícia. A perícia já foi feita no local do acidente e a polícia tenta agora localizar o passageiro que teria brigado com o motorista.

“Vamos apurar também a responsabilidade desse passageiro que agrediu e ver a extensão dessa agressão teria sido um chute e que ele teria dado sinais de desmaio”, diz o delegado.

Sobreviventes relatam alta velocidade

Os sobreviventes do acidente disseram que o veículo estava em alta velocidade quando caiu do viaduto sobre a Avenida Brasil, no Subúrbio do Rio.

A filha caçula de Marcius Flávio nascimento, de 42 anos, um dos sete mortos no acidente, faz um ano nesta quarta-feira (3). Os planos de comemoração foram brutalmente interrompidos.

“Ele era um pai de família dedicado, um marido amoroso e vai fazer muita falta. O que eu vou dizer pra minha filha de quatro anos?”, diz a esposa de Marcius, Michele Nascimento.

Além de Marcius, também morreram no local: José Adailton de Jesus, 42 anos, Ângela Maria Reis da Silva, 62 anos, Luis Antônio do Amaral, 41 anos, Francisco Batista de Souza, de 40 anos, Oseias da Silva Cardoso, de 39 anos e Luciana Chagas da Silva, que ainda não teve a idade confirmada.

O ônibus ficou amassado, como se fosse de papel. Os bombeiros de seis quartéis foram mobilizados para salvar vidas.

Fonte: G1

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