Mais uma vez, o tema violência pautou os discursos dos parlamentares na sessão ordinária desta terça-feira, 23, na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE). Primeiro a usar a tribuna, o deputado João Beltrão (PRTB) fez várias denúncias acerca da fragilidade da segurança pública, principalmente em seu reduto eleitoral, Coruripe, e apresentou sugestões para minimizar o problema.
O parlamentar afirmou que a delegacia de Coruripe está fechada e quem manda na segurança da região é um traficante de drogas conhecido como “Pataca”: “Ele determina até a hora que o povo deve dormir. Já em Feliz Deserto, quem manda é o Cabeludo, que define até o horário para a realização de festas de aniversário”.
Como forma de minimizar a insegurança pública, Beltrão sugeriu medidas como a unificação dos salários dos policiais militares, a distribuição mais igualitária do efetivo em todos os municípios e até uma mudança na legislação, determinando que os policiais militares estejam ligados às autoridades municipais, como prefeito e magistrado, ao invés do Comando da PM.
O deputado também questionou o efetivo da Polícia Militar em Alagoas e realizou um rápido cálculo tomando como base o número de seis mil homens. “Se colocarmos 30 em cada cidade, daria 3.060 e as prefeituras poderiam contratar, cada uma mais 30 guardas municipais para acompanhar os PMs. Hoje, em Coruripe, temos apenas dois policiais”, afirmou, sugerindo uma parceria entre o Governo do Estado e as prefeituras.
Beltrão também denunciou que as viaturas de Coruripe são abastecidas no município de Penedo, distante 75 km do município do Litoral Sul e sobrecarga do delegado de Coruripe, que responde também por Feliz Deserto e a Piaçabuçu.
Em aparte, Sérgio Toledo afirmou que a violência é um problema que atinge todos os municípios e relatou que, durante uma audiência pública em Marechal Deodoro soube de um fato ‘estarrecedor”, que foi confirmado pelo próprio delegado: “Como a delegacia não possui efetivo, quando alguém vai registrar uma denúncia lá é o próprio denunciante que tem que entregar a intimação para o denunciado”.
Mudança na escala
Também em aparte, Joãzinho Pereira (PSDB) defendeu uma mudança na escala de serviço dos policiais militares alagoanos. “O Comando da Polícia, especialmente a militar, tem que adotar carga horária de São Paulo, de 12 por 12. Aqui, um PM trabalha um dia e folga dois, por isso tem outros serviços: é dono de bar, de loja, faz segurança privada… Tem que trabalhar 12 horas e folgar 12, é isso que pode resolver um pouco a violência”.
Ainda mais duro no discurso, Jeferson Morais (DEM), que integra a Comissão de deputados que acompanha os dados do Programa Brasil Mais Seguro em Alagoas, afirmou que o plano está fadado ao fracasso, mas disse que ainda não poderia antecipar os dados que estão sendo colhidos pelos parlamentares. “Não há segredo: tudo esbarra na falta de contingente. Hoje, a polícia tem armamento, viaturas novas, mas tudo isso está parado porque não tem policial”.
Último a falar sobre o tema na sessão de hoje, João Henrique Caldas (PTN), voltou a defender a instalação da CPI da Violência como forma de ampliar a discussão e dar as respostas que a sociedade tanto tem cobrado.