Turquia diz que comunidade internacional deve agir contra Assad

Nove pessoas foram detidas na Turquia após o duplo ataque de sábado.

Umit Bektas/ReutersParentes de Ahmet Uyan, 45 anos, e de Ahmet Ceyhan, 23, mortos nos ataques com carros-bomba neste sábado, participam de funeral após as mortes

Parentes de Ahmet Uyan, 45 anos, e de Ahmet Ceyhan, 23, mortos nos ataques com carros-bomba neste sábado, participam de funeral após as mortes

O ministro das Relações Exteriores turco, Ahmet Davutogl, disse neste domingo (12) que está na hora de a comunidade internacional tomar medidas contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, após os ataques que deixaram 46 mortos numa cidade turca da fronteira com a Siria neste sábado.

Nove pessoas foram detidas na Turquia após o duplo atentado com carro-bomba qem Reyhanli (sul). Ancara atribuiu a responsabilidade ao regime de Damasco, que negou qualquer envolvimento no ataque.

"Até o momento, nove pessoas foram detidas por sua relação com os ataques, há confissões", anunciou o vice-primeiro-ministro turco, Besur Atalay, em uma coletiva de imprensa transmitida pela rede de televisão NTV. Segundo a agência France Presse, Atalay ressaltou que os suspeitos pertencem a "uma organização terrorista em contato com os serviços de inteligência sírios".

O ministro do Interior turco, Muamer Guler, já havia assegurado previamente que os autores do duplo atentado estavam vinculados a "organizações que apoiam o regime sírio e os serviços de informação."

Guler disse que o objetivo seria "sabotar o processo de paz em curso" e "provocar tensões entre as pessoas que vivem aqui (em Reyhanli) e os que estão abrigados", em referência aos muitos refugiados sírios que fogem da guerra em seu país.

Ao falar do processo de paz, o ministro turco se referia às negociações levadas adiante há meses entre as autoridades turcas e a rebelião curda do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que começou a retirar suas tropas da Turquia na quarta-feira, três dias antes dos atentados de Reyhanli.

A principal integrante da oposição síria também responsabilizou o regime de Bashar Al-Assad pelos atentados. "O Conselho Nacional Sírio condena fortemente os crimes covardes levados adiante por colaboradores do regime sírio na localidade turca de Reynhali", indicou em um comunicado.

Pouco antes, neste mesmo domingo, o regime de Damasco havia negado qualquer envolvimento no duplo atentado. "A Síria não cometeu nem cometerá jamais um ato assim porque nossos valores não permitem’, disse o ministro sírio da Informação, Omran Al-Zohbi, em uma coletiva de imprensa em resposta às acusações turcas.

‘A morte de mártires nos entristece’, disse o ministro. ‘Erdogan (o primeiro-ministro turco) é quem deve ser perguntado sobre este ato (…) Ele e seu partido assumem a responsabilidade direta’, acrescentou Zohbi, que chamou o chefe do governo turco de ‘assassino’.

O duplo atentado de Reyhanli é o ataque mais sangrento registrado na Turquia em anos e, em particular, desde o início do conflito na vizinha Síria, em março de 2011.

O governo turco, antigo aliado de Damasco, apoia agora a oposição e os rebeldes que enfrentam Bashar al-Assad. A Turquia abriga 300 mil refugiados da guerra na Síria.

Vários jornais turcos se referem neste domingo à pista de um grupo clandestino turco de esquerda, os Acilciler, e de seu chefe Miraç Ural, como possíveis responsáveis pelo atentado, que teriam agido em nome do regime de Damasco.

‘A Turquia parece afundar no pântano sírio (…) há meses se converteu em parte desta guerra civil ao apoiar diretamente a oposição’, escreve neste domingo o editorialista Can Dundar no jornal Milliyet.

Já o chefe da oposição social-democrata, Kemal Kiliçdaroglu, pediu ao governo que ‘revise sua política estrangeira’.

Fonte: G1

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