A ‘Leticia Spiller’ que encontrei em Anadia

É sempre assim, acontece de forma espontânea e não sei explicar o motivo, mas para mim é muito prazeroso escrever sobre as coisas e estórias de Anadia.
A mais recente é uma transcrição de uma conversa que tive com um amigo de infância e companheiro de juventude, um entre tantos, com quem partilhei momentos inesquecíveis em nossa apaixonante terra. Ele um poeta, sonhador, um galã e com conversa pra derrubar até avião.
Neste dia – era junho de 1976, em pleno mês das festas juninas, época em que sempre apareciam várias pessoas e visitantes, entre elas belas e jovens mulheres, o que se tornava um atrativo a mais para a aconchegante cidade do interior. E como a cidade era pequena, logo se identificava onde elas estavam e em que casas se hospedavam.
A notícia corria e logo se espalhava com a velocidade de um cometa, colocando a turma jovem em alvoroço.
A minha mente permite até lembrar a música que tocava naquele instante: “Com teu mistério, teu charme, teu sorriso largo, és o terror da família, não tens compaixão, em quantas camas deitaste assim por acaso… Quantas princesas roubastes, maluco vilão… Ôôô, bicho maluco beleza”. Era o som que escutávamos em rádio que servia de testemunha em nossa conversa, era a trilha sonora.
E aí ele começou a falar e enumerar as mulheres que tinha namorado e ficado. “Lembra-se da irmã do Romero? Aquela linda loirinha com rosto de anjo, uma princesa. E da filha do seu Monteiro? Uma linda garota, com os cabelos longos, alta, com as pernas torneadas e da cintura bem fininha. A prima do Jádson, ruivinha bem bonitinha que veio passar as férias no ano passado? A irmã da Vera com os olhos verdes, cabelo bem curtinho e um avantajado bumbum? A sobrinha da Luiza bela, com a pele bem clara cabelos nos quadris a boca grande e rubra e com hálito de tuti-fruti”.
Ao passar alguém o meu amigo dava uma pausa, mais logo voltava a relatar o que parecia uma interminável lista. ”Sim, agora me lembrei da neta da dona Maria, que veio de Minas, com os cabelos encaracolados, calça jeans, sandálias lepe-lepe e suas decotadas blusas de malhas que ao receberem as luzes negras da Zueira Dancing Bar revelava lindos detalhes do seu exuberante colo”.
Impaciente já estava eu, quando o companheiro acrescentou mais. “Já estava esquecendo a irmã da Tereza, que possuía uma beleza singular, alta, branca, cabelos negros, pernas grandes, bonitas e a minissaia que usava ao subir e descer a ladeira da igreja, com o balanço da saia era um espetáculo”.
Tentei várias vezes interrompê-lo e desviar o assunto e não obtinha sucesso e, por último emplacou mais dois nomes “Bicho, não é que ia esquecendo a irmã da Josefa que veio estudar aqui no Colégio Cenecista, a morena que dancei quadrilha e que todo mundo queria ser seu par, pois muito bonita e cheirosa, os lábios grossos, os dentes lindos”.
E antes de me levantar, ele falou da carioca que veio no projeto Rondon “Rapaz aquela é que era bonita, lindos olhos azuis, lábios vermelhos, cabelos lisos e que usava uns vestidos coloridos, beijava divinamente e não tinha limites”. Graças a intervenção de amigos comuns o assunto se encerrou por ali. Partimos para outras atividades, mas, fiquei com aquele relato gravado na minha memória.
E hoje, com o passar do tempo, já com uma boa parte dos cabelos brancos e sem ter medo ou receio de falar o que carrego comigo dentro do meu coração, posso afirmar que a “Leticia Spiller” que encontrei em Anadia possui algo comum com as mulheres que meu amigo namorou.
O que tenho para tornar publico é que ‘a mulher que completou o meu viver, me levando por caminhos menos espinhosos e sem ela eu não teria ido a lugar algum, talvez ainda estivesse buscando me encontrar em outros vagos abraços, plenamente recompensado com o tempo de convivência e cumplicidade, desde 1º de junho 1980, o primeiro dia em que a vi’.
A música do Djavan serve de pista para quem quer saber, quem é a única mulher da minha vida, ”Meu bem querer é segredo é sagrado, está sacramentado em meu coração… Para mim que estou jurado pra morrer de amor”. Sem lista a apresentar apenas digo que ele é filha da dona Margarida.

(*) Ex-secretário de Estado e filho de Anadia

Veja Mais

Cuidado com a dengue!

Com o verão, o receio de outra epidemia da dengue voltou a inquietar a mente de autoridades sanitárias e do...

A vez agora é dos gatos

A cachorrada ainda toma conta dos lares brasileiros! Hoje os cães de estimação compõem uma população de aproximadamente 67,8 milhões...

Deixe um comentário

Vídeos