Na madrugada de 23 de julho de 1993, dois carros pararam em frente à Igreja da Candelária, no Centro do Rio, e seus ocupantes atiraram em direção a pessoas que dormiam sob uma marquise. Seis menores e dois adultos morreram. Atingido por quatro tiros, o lavador de carros Wagner dos Santos sobreviveu e se tornou testemunha-chave do processo.
O motivo do crime teria sido o apedrejamento de um carro da polícia por menores, no dia anterior. O caso ganhou repercussão internacional e ficou conhecido como chacina da Candelária. Após o episódio, Wagner reencontrou a irmã, Patrícia de Oliveira, que não via desde a infância. O jovem foi levado para a Europa pela Anistia Internacional após sofrer um atentado nos arredores da estação Central do Brasil.
A chacina foi lembrada pelo papa Francisco, que esteve no Rio na semana em que o caso completou 20 anos . Num encontro com oito jovens detentos no Palácio São Joaquim, na Glória, ele reagiu abertamente à violência policial contra meninos de rua e repetiu várias vezes “violência não! Só amor! Candelária nunca mais!”.
A chacina levou à condenação de três policiais militares, mas, como O GLOBO revelou em julho, o mentor do episódio, o soldado Marcus Vinícius Emmanuel Borges, de 46 anos, continua foragido.
Os outros dois PMs tiveram as penas extintas e estão em liberdade. Em 2006, uma reportagem da TV Globo revelou que, dos 65 menores que sobreviveram à matança, 43 foram depois assassinados, a maioria vítimas de traficantes e grupos de extermínio. Cinco morreram em decorrência de complicações causadas pelo vírus HIV. Dez cumpriam penas em presídios, e não se tinha notícia dos outros.