A mãe de Bruna da Silva Gobbi falou pela primeria vez sobre a morte da filha atacada por um tubarão em uma praia de Pernambuco. Josete Nascimento da Silva reclamou da negligência dos primeiros-socorros à filha e disse que vai entrar com um pedido de indenização contra o governo do Estado.
Além de uma indenização por danos morais e materiais, o objetivo da família é interditar a praia de Boa Viagem até que telas de proteção sejam colocadas no mar para evitar novos ataques de tubarões. Uma campanha está sendo feita nas ruas e na internet para reforçar a ideia, como explica a amiga de infância da vítima, Priscila Silva de Souza.
— Cada vez que uma pessoa assina nosso abaixo-assinado, os órgãos competentes recebem um alerta.
A família ainda não deu entrada no processo, mas o caso vai correr na cidade de Recife, onde ocorreu a morte. Josete não se conforma com a morte da jovem de 18 anos.
— A minha filha queria conhecer Boa Viagem, bonita, linda, pra quê? Primeira vez que a menina vai lá e acontece uma tragédia dessa? Uma menina cheia de sonhos, de vida.
Ataque
Bruna foi atacada por um tubarão, na praia de Boa Viagem, em Recife (PE), quando passava férias com a família, em junho. Ela estava com os primos no mar quando foi arrastada por uma corrente de água para o fundo. Ela não sabia nadar e bombeiros entraram para fazer o resgate. Tudo foi gravado por câmeras de monitoramento da praia.
Momentos antes de ser salva do afogamento, Bruna foi mordida na perna esquerda por um tubarão. A jovem, de 18 anos, chegou a ter a perna amputada, mas não resistiu e morreu.
A família acredita que morte da jovem foi resultado de uma sequência de erros, como afirma a mãe da vítima.
— Porque eles têm noção do perigo que era aquela praia, que eles têm um barco que monitorava os tubarões na água. Esse barco estava quebrado há seis meses.
A amiga de Bruna, Priscila Silva de Souza, acredita que ela foi vítima de negligência.
— Ela foi sim vítima da natureza, de um tubarão, mas ela também foi vítima de negligência. Onde está o treinamento de primeiros-socorros, onde está a ambulância pra prestar esse atendimento. Uma manta térmica, um balão de oxigênio, não fizeram torniquete.
A amiga de infância questiona ainda o local para onde levaram a vítima que estava em estado gravíssimo. Bruna esperou tempo demais para receber o tratamento.
— Às 12h50, ela ligou e já ficou sabendo do atendimento. A entrada da Bruna foi às 15h. Então ela ficou agonizando todo esse período e ninguém fez absolutamente nada.
A mãe ficou revoltada quando ela ouve falar que Bruna desrespeitou os avisos de segurança.
— Eles agora estão falando isso pra se defender, mas não foi isso que meu sobrinho falou.
A amiga alega que existe uma distância de 100 metros do local onde ocorreu o acidente e a placa de aviso mais próxima.
Em 30 km de praia, existem 88 placas de sinalização do perigo. Nos últimos 20 anos, foram registrados 58 ataques de tubarão em Pernambuco e 24 mortes.