Os números do Datasus no tocante aos partos cesáreos impressionam e mostram o quanto os gestores públicos, as organizações de classe e as maternidades precisam estimular o parto normal entre os profissionais médicos e as gestantes.
Segundo o Datasus, a capital alagoana e o Estado de Alagoas estão em terceiro lugar no péssimo ranking nacional das capitais e estados brasileiros que mais realizaram cesarianas no primeiro semestre deste ano.
Entre as capitais, Maceió (com 63,6% dos partos cesáreos) supera metrópoles como São Paulo (33,1%), Belo Horizonte (28,6%) e Rio de Janeiro (24,6%), cujas populações são muito superiores e, em tese, deveriam registrar mais cesarianas. A capital alagoana apresentou desempenho ruim até mesmo frente a cidades com perfil semelhante, como Aracaju, que cravou apenas 23,5% de partos cesáreos, e Natal, com 43,5%. Nesse ranking, a capital alagoana só perdeu para as cidades de Belém e Fortaleza (com 66,3% e 64%, respectivamente).
O mesmo ocorre com o Estado de Alagoas, cujo número de cesarianas (48,9%) supera o verificado em estados populosos como Minas Gerais (42,9%), São Paulo (41,8%) e Rio de Janeiro (23,4%).
Já em Alagoas, as maternidades Nossa Senhora de Fátima e Alerta Médico, ambas de Maceió, encabeçam a lista de unidades que mais fizeram partos cesáreos pelo SUS, registrando entre janeiro e junho o indesejável índice de 94,2% e 91,8% partos cada uma, ou seja quase 100%. Esses percentuais equivalem à produção semestral, em cada unidade, de apenas 45 e 187 partos normais, respectivamente. Enquanto isso, no mesmo período o Hospital Nossa Senhora da Guia realizou 1.422 partos normais, com uma média de 237 procedimentos/mês. O detalhe é que as três unidades têm o mesmo perfil: atender gestantes de baixo e médio risco, o que, também em tese, deveria significar mais partos normais.
Agora, quando se analisa o ranking nacional de partos, o Hospital Nossa Senhora da Guia figura na 20ª posição entre 3.182 hospitais, à frente, inclusive, de maternidades de renome como o Hospital Femina, mantido pelo governo federal, no Rio Grande do Sul, com 2.754 partos; a Santa Casa de Belo Horizonte, com 1.922 procedimentos; o Hospital Universitário/USP, de São Paulo, com 1.786 intervenções; e a Santa Casa de Porto Alegre, com 1.171 partos.
