Cesarianas aumentam risco de partos prematuros

Ascom/SesauSyrlene Patriota

Syrlene Patriota

As dores causadas pelas contrações, a comodidade de projetar o dia do nascimento e o acompanhamento demorado do trabalho de parto são os principais fatores responsáveis pela decisão de realizar o procedimento cirúrgico, no momento de dar à luz. Mas, as gestantes que optam pela cesariana desconhecem que este procedimento envolve riscos e, ao contrário do parto normal, a recuperação da mãe é mais demorada e cercada de restrições.

Na contramão do que defende o Ministério da Saúde (MS), que indica o parto normal por trazer menos riscos para a mãe e o bebê, Alagoas está em terceiro lugar entre os estados que mais realizam partos cesáreas se comparado ao número de partos normais. Segundo dados do DataSUS, no período de 2008 a 2013, foram realizados 109 mil partos em Maceió, dos quais 66 mil foram cesarianos.

No primeiro semestre de 2013 foram registrados, em todo o Estado, mais de 11 mil partos cesarianos e 10 mil normais. O Sistema Único de Saúde (SUS) gastou cerca de R$ 90 milhões com cirurgias cesarianas e R$ 71 milhões com parto normal. O custo do parto natural varia entre R$ 422 e R$ 553 e o cirúrgico vai de R$ 545 a R$ 769 cada.

Esses dados do Ministério da Saúde chama a atenção dos especialistas para os riscos do parto cesárea até então desconhecidos pela maioria das mulheres. A pediatra e coordenadora da Rede Cegonha em Alagoas, Syrlene Patriota, explicou que, em muitos casos, as gestantes aceitam fazer a cirurgia sem cobrar esclarecimentos.

Segundo a médica, os riscos da cesárea são semelhantes a qualquer procedimento cirúrgico, destacando infecção e hemorragia como complicações imediatas e acretismo placentário (uma aderência anormal da placenta) que pode evoluir com a necessidade de retirada do útero em gestação posterior. “A criança pode nascer prematura, evoluir com dificuldades respiratórias ou sofrer consequências no futuro. As gestantes acreditam que é um procedimento simples, mas é uma cirurgia como outra qualquer; muitos desses bebês, que nascem de parto cesárea, são levados para UTI ou UCI Neonatal. Temos uma epidemia de prematuridade no Brasil”, alertou Syrlene.

De acordo com a médica, o parto com hora marcada significa interromper a gravidez sem esperar os sinais que indicam a hora adequada para o nascimento. “No momento das contrações o corpo da mulher libera hormônios que contribuem para o nascimento saudável da criança; o parto natural é sempre mais indicado. A cesariana deve ser feita quando for necessária para salvar a vida do bebê ou da mãe”, ressaltou.

Seminário

Pela necessidade de discutir esse assunto com profissionais de saúde e gestores dos municípios alagoanos, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) vai promover o Seminário de Boas Práticas Neonatais, no próximo dia 18, a partir das 8h, no Maceió Mar Hotel.

As palestras vão orientar os profissionais em relação aos riscos do parto cesárea e sobre como preparar a gestante para o parto natural. “Queremos sensibilizar e preparar os técnicos da Saúde para que eles entendam e informem às mães que o parto natural é mais saudável”, disse Syrlene.

No encontro, o apoiador do Programa Nacional de Humanização (PHN) do Ministério da Saúde, Sérgio Aragaki, vai falar sobre cogestão nos serviços de saúde; o professor de pediatria da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), Samir Kassar, explicará os fatores associados ao parto cesárea. O encontro vai discutir ainda temas como a presença do parceiro na sala de parto e o controle de qualidade do pré-natal.

Fonte: Ascom/

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