PF aponta empresa de ré no mensalão como ‘laranja’ em outra operação

Reprodução/TV GloboSimone Vasconcelos, durante depoimento no mensalão

Simone Vasconcelos, durante depoimento no mensalão

Simone Reis Lobo Vasconcelos, ré no esquema do mensalão, é suspeita em outra operação deflagrada pela Polícia Federal de desvio de dinheiro. Segundo relatório da PF, a empresa de Simone foi contratada pela Oscip Instituto Mundial Desenvolvimento e Cidadania (IMDC), principal investigada no caso, para prestar serviços de transportes em 2010 para o Minas Trend Preview no valor de R$ 448 mil, quando sua empresa tinha apenas um micro-ônibus.

A administradora é suspeita de ter usado notas frias para servir de "laranja". O advogado e o marido dela afirmam que o serviço foi prestado corretamente, e que os documentos comprovando o contrato vão ser entregues à Polícia Federal.

A Operação Esopo realizada pela Polícia Federal prendeu mais de 20 pessoas no país nesta segunda-feira (9), sendo 15 em Minas Gerais. Segundo a Polícia Federal, a operação combate fraudes em licitações e desvio de recursos públicos. Em cinco anos, o prejuízo aos cofres públicos ultrapassa R$ 400 milhões, de acordo com as investigações.

De acordo com o relatório da PF, a empresa de Simone, VMB Locadora de Veículos, foi contratada pelo IMDC, que organizou o evento de moda Minas Trend Preview, para prestar serviços de transporte durante as 6ª e 7ª edições, em Belo Horizonte, em 2010. O tipo do transporte prestado ao evento e os serviços inerentes ao contrato não são especificados no documento.
O relatório da PF afirma que no período em que a empresa de Simone Vasconcelos foi contratada para prestar o serviço, a VMB Locadora possuía apenas um micro-ônibus para transportar passageiros, o que é um forte indício de superfaturamento. “Convém salientar o fato de que, aparentemente, a referida firma não realiza qualquer propaganda de sua atividade empresarial, fato este que pode reforçar o indício de que esta pessoa jurídica tenha sido criada tão somente para facilitar o desvio de recursos públicos”, diz a PF.

O histórico de veículos de propriedade da VMB Locadora fornecido à PF pelo Detran-MG indica que a VMB possuiu, ao longo de sua existência, apenas cinco veículos. Segundo a PF, com exceção do micro-ônibus, nenhum dos outros apresenta características peculiares de veículo para locação.
Procurado nesta quarta-feira (11), o advogado de Simone, Leonardo Issac, explicou o fato do valor e de a empresa ter apenas um micro-ônibus. Disse que o valor do serviço de transporte prestado pela VMB (R$ 448.404,05) foi usado para pagamento de parceiros, como motoristas e reforço da frota. O marido de Simone, Dimas de Melo Braz, também conversou com o G1. Afirmou que, do total do valor, cerca de R$ 50 mil foram gastos em impostos e R$ 300 mil para o pagamento de empresas parceiras, além do custo de cerca de 100 veículos com motoristas, combustível, gasto com alimentação e hora extra. O restante, cerca de R$ 80 mil, correspondeu ao pagamento dos funcionários da VMB e da Toledo, além do lucro referente ao serviço.

Braz afirmou ter toda a documentação que prova a prestação de serviço, como planilha de custos, recibos e notas das empresas parceiras, e que tudo será entregue à Polícia Federal.

Na segunda-feira (9), quando foi deflagrada a operação, Isaac contou que Simone explicou que as notas fiscais foram emitidas em nome do IMDC a pedido da Fiemg. No dia, o G1 procurou a assessoria de imprensa da Fiemg para falar sobre o contrato de transporte com a empresa de Simone. Até esta quarta-feira (11), nenhuma resposta foi dada.
O G1 também foi até o escritório da VMB Locadora, em Belo Horizonte, na manhã desta quarta-feira, mas ele estava fechado. À tarde, o marido de Simone, e dono da empresa VMB, contou que a empresa funciona normalmente e, atualmente, conta com uma parceria com uma outra locadora, com 15 veículos.

Escutas
Durante uma interceptação telefônica em julho de 2012, a Polícia Federal identificou um diálogo entre dois dos envolvidos no suposto esquema de lavagem de dinheiro, que menciona a preocupação do grupo quando um repórter bucava informações sobre o repasse de R$ 400 mil para o serviço de transportes. Na ligação, Daniel Amaral, gerente-geral de Planejamento, Finanças e Gestão da Oscip IMDC, comenta com William Luzia de Oliveira Junior (o Juninho), também do IMDC, que o valor do contrato foi de mais de R$ 400 mil. Segundo a PF, ele mesmo deixa a entender que o preço foi muito elevado para o serviço prestado.

Daniel: "Agora, imagina. Um serviço de transporte quatrocentos mil reais. Pelo amor de Deus. Que transporte é esse? É jato, é navio? Quantas mil pessoas que transportou? Umas duzentas?". Juninho concorda, e Daniel conclui "Nós ‘tão’ fudido".

Mensalão
Simone foi condenada a 12 anos e sete meses de prisão por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas no caso do mensalão, mas recorre da setença em liberdade. Na segunda-feira (9), Simone Vasconcelos foi conduzida coercitivamente pela Polícia Federal para prestar depoimento sobre as suspeitas levantadas na nova operação.

Segundo o advogado, Simone Vasconcelos está deprimida por causa das acusações, mas colabora com a investigação da PF.

Operação Esopo
Mais de 20 pessoas foram presas desde a segunda-feira (9) em razão da Operação Esopo, 15 delas em Minas Gerais. Entre os presos, há ex-prefeitos, empresários, os diretores da Oscip, e pessoas que ocupavam cargos de alto escalão em entidades.

O nº 2 do Ministério do Trabalho, Paulo Roberto Pinto, por exemplo, foi exonerado do cargo de secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Emprego. O decreto foi publicado nesta quarta (11) no Diário Oficial da União. Na terça, ele pediu demissão por estar sob investigação da Polícia Federal na operação Esopo.

Fonte: G1

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