Máscaras são ‘libertadoras’ e banir uso é ‘ridículo’, diz líder do Slipknot

Flavio Moraes/G1Corey Taylor no show do Stone Sour (à esquerda) e

Corey Taylor no show do Stone Sour (à esquerda) e

Se o Slipknot resolvesse trocar o palco do Monsters of Rock, em São Paulo, por uma manifestação nas ruas do Rio, os músicos poderiam ser presos. A banda sempre se apresenta com máscaras, acessórios proibidos em protestos cariocas. O líder da banda de metal, Corey Taylor, diz ao G1 que "chegar ao ponto de proibir pessoas de usarem máscaras para protestar é ridículo", ao saber da situação no país. A banda não cobre o rosto para protestar. Mas, para o cantor, a ideia do Slipknot é similar à de manifestantes: "Expressar-se de maneira completamente livre".

A banda mascarada toca no dia 19 de outubro na Arena Anhembi, em São Paulo, fechando a primeira das duas noites do festival Monsters of Rock. Corey Taylor já veio ao Brasil com o Slipknot e com sua outra banda, Stone Sour, em que canta sem máscara.

Corey Taylor também é escritor. Ele lançou em julho nos EUA seu segundo lívro, "A Funny Thing Happened on the Way to Heaven" (Uma coisa engraçada aconteceu no caminho para o céu). Ele narra experiências paranormais e diz que vê "fantasmas" desde criança. "Eu sempre fui aberto a coisas que não entendo, por causa do que acontecia comigo. Isso me permitiu a escrever músicas e me expressar ‘fora da caixa’", ele diz.

Em 2011, Corey lançou "Seven deadly sins" (Sete pecados mortais). Seus dois livros tiveram recepção surpreendente e entraram na lista de mais vendidos do jornal "New York Times".

G1 – Seus dois últimos shows no Brasil foram em dois grandes festivais [SWU e Rock in Rio]. O que você lembra?
Corey Taylor – Os fãs estavam sedentos por boa música. O Brasil tem, provavelmente, o melhor público para a gente. Quando você tem uma oportunidade de tocar no Brasil, não importa como, você se joga. Fiquei impressionado com a insanidade aí.

G1 – Por que o Slipnknot está demorando tanto para lançar um novo disco? É por causa da morte do baixista Paul Grey [por overdose de morfina em 2010] ou há outros motivos?
Corey Taylor – Perder Paul foi muito ruim para a gente. Precisamos de mais tempo para nos recuperar. Saímos do caminho de propósito. Por respeito ao Paul, estamos nos dando tempo para fazer música, em vez de correr. Seria uma desonra a ele. Sempre fomos assim, fizemos as coisas do coração, não porque as pessoas esperavam um disco. E isso nos permite nos reunir como uma família, encontrar uma nova conexão.

G1 – Você lançou seu segundo livro em julho, sobre experiências paranormais. Desde quando isso acontece com você e quando notou que poderia render um livro?
Corey Taylor – Por toda a minha vida. Lembro-me sempre de ser muito sensível a experiências estranhas. Coisas que não posso nem explicar. Nunca pensei em escrever sobre isso antes de ter a chance de fazer o segundo livro. Segui todas as possiblidades de entender o que acontece comigo e escrevi sobre isso.

G1 – Você teve alguma dessas experiências sobrenaturais no Brasil?
Corey Taylor – Nada aconteceu aí. Mas não acho que vou parar de ir ao Brasil, então nunca se sabe… Nunca digo nunca.

G1 – Essa ‘sensibilidade’ afetou sua música, que tem essa aura assustadora?
Corey Taylor – Eu acho que inconscientemente me influenciou. Porque esse tipo de revelação foge do que parece real. Eu sempre fui aberto a coisas que não entendo, por causa do que acontecia comigo. Isso me permitiu escrever músicas e me expressar "fora da caixa". Por ver o que eu via quando criança, e estar exposto a coisas para os quais não tinha resposta, quando escrevo algo, tenho um ponto de vista muito único. Evito o padrão, os clichês.

G1 – Atualmente, máscaras são um assunto de interesse no Brasil. No Rio, pessoas são proibidas de se mascarar em protestos. Um homem foi preso com fantasia de Batman. Sabia disso?
Corey Taylor – Vi algumas coisas sobre isso, mas não no Brasil. Acho que tentaram proibir máscaras no Egito também. É estranho, não é? O governo deveria se concentrar nos problemas, nas causas dos protestos. Não em uma coisa que os manifestantes usam simbolicamente. Se eles se preocupassem mais no motivo pelos quais as pessoas estão protestando, chegariam a um acordo mais rápido. As pessoas estão infelizes. Thomas Jefferson tem uma ótima frase, como: “Governos devem ter alvo de revoluções de vinte em vinte anos para se manterem honestos”. Chegar ao ponto de proibir pessoas de usarem máscaras para protestar é ridículo.

G1 – As máscaras de Guy Fawkes foram um sucesso aqui. Elas são usadas pelo Anonymous para criar um tipo de multidão anônima perigosa. Essa ideia de ‘se não vejo o rosto, tenho mais medo’ é a mesma dos uniformes e máscaras do Slipknot?
Corey Taylor – De certa forma, sim. Usar uma máscara te permite se expressar de maneira completamente livre. Você mostra mais de si e quebra as barreiras de autocensura. É isso que sempre tentamos fazer. Se colocamos as máscaras, estamos livres para dizer o que precisamos, expressar o que queremos. Usar máscaras é libertador.

G1 – O Monsters of Rock terá a noite do rock ‘clássico’, com Aerosmith, e ‘nu metal’, com Korn e vocês. Acha que sua geração está mais incorporada ao que se chama metal tradicional hoje?
Corey Taylor – Devagar, está ganhando o respeito devido. Especialmente para uma banda como Korn, que foi tão inovadora na época. Foram uma das maiores bandas do mundo, e ainda são. Revolucionaram e deram uma nova voz ao metal, mostraram que poderíamos fazer coisas diferentes com o gênero. Nunca nos consideramos "nu metal", e sim heavy, ou trash metal. Mas não nos importamos de estar ao lado do Korn. Eles estão sempre achando novas maneiras de se expressar, assim como nós.

Fonte: G1

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