As alegações finais – que ocorreram na manhã desta quarta-feira, 18 – da acusação do julgamento Ceci Cunha se concentraram, basicamente, em apontar todas as contradições nos depoimentos dos cinco réus dos processos. O procurador da República Rodrigo Tenório chegou a citar o filósofo latino Lucrécio em sua célebre frase ‘nada vem do nada’.
Na tese da acusação, o pistoleiro Maurício Guedes (Chapéu de Couro) foi contratado por Talvane Albuquerque para matar dois deputados. O alvo inicial seria Augusto Farias – ou Albérico Cordeiro (morto em um acidente no interior de Alagoas). Ainda segundo a acusação, Ceci Cunha teria virado alvo quando o plano ganhou aspecto ‘caseiro’, com a participação direta dos assessores de Talvane Albuquerque, Jadielson Barbosa, Mendonça Medeiros, Alécio Vasco e José Alexandre. O crime custaria R$ 200 mil, pagos em três parcelas.
Com fotos e laudos, além do rastreamento telefônico, a acusação demonstra a presença dos réus no local do crime. A acusação ainda confirma uma ligação dos assessores para o então deputado Talvane Albuquerque, que estava em Brasília. Os réus afirmaram, em depoimento, que estavam em Arapiraca. A acusação refez o percurso feito pela vítima momentos antes da sua morte, além de apontar a rota de fuga dos assassinos e a posterior destruição dos veículos utilizados.
A acusação também desqualificou as denúncias de tortura, conforme alegou alguns réus. Outro ponto questionado foram as insinuações quanto à participação do ex-governador Manoel Gomes de Barros, o Mano, no crime.
O procurador pediu que os jurados lembrem-se que o Ministério Público é o controlador externo da atividade policial e que não permitiria as torturas alegadas, embora reconheça que houve excessos durante os depoimentos. Tenório encerrou as suas alegações pedindo a condenação dos réus pelos quatro homicídios.