Salvo por elevador, pedreiro admite que paredes foram derrubadas

Giuliander Carpes/TerraO pedreiro Alexandre da Silva Fonseca sobreviveu após se proteger dentro de um elevador

O pedreiro Alexandre da Silva Fonseca sobreviveu após se proteger dentro de um elevador

De volta ao local dos escombros dos três prédios que desabaram na noite de quarta-feira para prestar depoimento, Alexandre da Silva Fonseca, que ficou conhecido por sobreviver à tragédia após se proteger dentro de um elevador, revelou nesta manhã que a obra em que trabalhava no nono andar do edifício que veio abaixo, derrubando os outros dois, derrubou paredes. Porém, o ajudante de obras afirma que as duas paredes não faziam parte da estrutura do prédio.

"A gente só derrubou paredes de tijolos, nas paredes de concreto a gente não mexeu", disse. "Estávamos contratados para um trabalho de decoração, derrubamos o teto de gesso." A obra teria começado há pouco mais de duas semanas. Alexandre afirmou que não sabia se havia um engenheiro encarregado: "Eu era só ajudante, não me falavam dessas coisas."

Ele revelou ainda que estava muto emocionado ao voltar ao local da tragédia, o que não pretendia mais fazer. Ele atendeu a um pedido das autoridades, que queriam ouvi-lo sobre as condições da obra em que trabalhava.

Nesta sexta-feira, também foi encontrada nos escombros a bolsa de Alessandra Alves Lima, identificada graças aos documentos, segundo contou sua madrasta Sueli Mesquita. Alessandra foi dada como desaparecida porque conversava com o marido pela internet na hora do incidente. Ao perder o contato com a mulher, ele tentou telefonar, sem sucesso. Ao saber dos desabamentos, a família foi ao local aguardar notícias.

Os desabamentos

Três prédios desabaram no centro do Rio de Janeiro por volta das 20h30min de 25 de janeiro. Um deles tinha 20 andares e ficava situado na avenida Treze de Maio; outro tinha 10 andares e ficava na rua Manuel de Carvalho; e o terceiro, também na Manuel de Carvalho, era uma construção de quatro andares. Segundo a Defesa Civil do município, sete pessoas morreram no acidente e 20 permanecem desaparecidas. Cinco pessoas ficaram feridas com escoriações leves e foram atendidas nos hospitais da região. Cerca de 80 bombeiros e agentes da Defesa Civil trabalham desde a noite da tragédia na busca de vítimas em meio aos escombros. Estão sendo usados retroescavadeiras e caminhões para retirar os entulhos.

Segundo o engenheiro civil Antônio Eulálio, do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), havia obras irregulares no edifício de 20 andares. O especialista afirmou que o prédio teria caído de cima para abaixo e acabou levando os outros dois ao lado. De acordo com ele, todas as possibilidades para a tragédia apontam para problemas estruturais nesse prédio. Ele descartou totalmente que uma explosão por vazamento de gás tenha causado o desabamento.

Com o acidente, a prefeitura do Rio de Janeiro interditou várias ruas da região. O governo do Estado decretou luto. No metrô, as estações Cinelândia, Carioca, Uruguaiana e Presidente Vargas foram interditadas na noite dos desabamentos, mas foram liberadas após inspeção e funcionam normalmente.

Fonte: G1

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