Guerra acusa dono da Itapemirim pelo assassinato de jornalista

Ex-delegado afirma que Camilo Cola encomendou crime para linha dura do regime militar. Empresário nega: "Trata-se de absurdo."

DivulgaçãoEx-delegado Cláudio Guerra

Ex-delegado Cláudio Guerra

Em uma das revelações do livro “Memórias de uma Guerra Suja”, o ex-delegado da Polícia Civil do Espírito Santo Cláudio Guerra acusa o ex-deputado Camilo Cola (PMDB-ES) – proprietário da Viação Itapemirim – de encomendar a morte do dono de um jornal sediado em Vitória (ES).

Na versão de Guerra, Cola apoiava ações clandestinas da linha dura do regime militar. O delegado afirma que ele era próximo ao coronel Freddie Perdigão, um dos líderes das ações contra movimentos de esquerda.

“Muito próximo do coronel Perdigão, ele (Cola) arrecadava recursos entre grandes empresas, como a Gasbrás e a White Martins, e levava em mãos para o coronel”, afirma Guerra, em depoimento aos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros.

Por conta dos serviços prestados ao grupo, Cola, no começo dos anos 80, pediu a Perdigão que se encarregasse do assassinado o jornalista José Roberto Jeveaux.

"Já fora do SNI (Serviço Nacional de Informações), o coronel havia criado uma empresa de investigação, e Camilo encomendou uma crime de mando. O jornalista José Roberto Jeveaux, dono de um periódico de pouca expressão em Vitória, o Povão, estaria chantageando o empresário", acusa Guerra.

Em resposta enviada por e-mail na manhã desta sexta-feira, Camilo considerou a acusação é "sem pé nem cabeça". "Trata-se de absurdo tão grande que fica difícil imaginar o que motivou este senhor a fazer afirmações totalmente descompromissadas com a verdade. Elas são sem pé nem cabeça, inverossímeis, ilógicas. Quem conhece minha história, sabe que nunca fui homem de violência. Pelo contrário, sou um humanista, religioso, ligado à Igreja Católica e temente a Deus".

Segundo o livro, o jornalista foi assassinato porque estaria chantageando o empresário capixaba. “Ele tinha perdido a paciência e queria uma solução definitiva para o caso. Perdigão escalou uma equipe mista, com gente do Rio e de Minas, para dar um fim no jornalista. Seu corpo nunca apareceu”, afirma Guerra em depoimento para a produção do livro.

“José Roberto Jeveaux havia patrocinado um livro sobre mim, O cana dura, redigido por Pedro Maia, e eu não quis participar da sua execução. Frequentávamos a casa um do outro, e não me envolveram nisso. Todo o grupo que participou do crime sumiu também”, completa Guerra.

A reportagem do iG entrou em contato com a assessoria do empresário Camilo Cola na tarde de ontem, mas até a publicação desta reportagem não obteve resposta.

Fonte: IG

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