A caderneta de poupança fechou abril com captação líquida de R$ 1,978 bilhão, com forte concentração nos últimos dois dias do mês. De acordo com o Banco Central, nos dias 27 e 30, houve entrada líquida de R$ 1,836 bilhão. Apesar do recuo em relação a março, quando a captação atingiu R$ 2,545 bilhões, esse foi o melhor resultado para um mês de abril desde 2007, quando a caderneta registrou captação de R$ 2,04 bilhões.
Com as notícias de mudanças na poupança, os investidores acreditaram que o governo não mexeria em contas antigas e concentraram suas aplicações nesta modalidade, que prometia ganhos maiores com a tendência de queda nos juros, dizem os especialistas. De fato, quem investiu na poupança em abril acabou conseguindo um bom negócio. Todos os depósitos feitos até 3 de maio de maio ficam sujeitos às antigas regras. O ganho desses aplicadores continuará como era antes, de 0,50% mais a Taxa Referencial (TR), independentemente dos juros. Em um ano, o rendimento seria de 6,42% considerando uma TR de 0,2% (veja o gráfico).
As aplicações realizadas a partir de 4 de maio seguem as novas regras, que dizem que toda vez que Selic ficar igual ou menor do que 8,50% ao ano, a rentabilidade passa a ser de 70% da taxa básica de juros, mais a TR. Supondo que a Selic caia a 8,5%, o novo poupador terá um ganho anual de 6,14%.
Com os juros em baixa, portanto, os antigos poupadores – o que inclui todos aqueles que fizeram seus depósitos em abril e contribuiram para a forte arrecadação no mês – terão um rendimento um pouco maior do que os novos. Caso a inflação aumente e os juros voltem a subir para mais de 8,5%, o rendimento será igual para todos os aplicadores, de 0,50% ao mês, mais a TR.
Logo após a publicação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, no dia 26, quando indicou que deveria continuar reduzindo a Selic, hoje em 9% ao ano, o mercado começou a especular que o governo poderia mexer no rendimento da poupança. Esperava-se alguma medida que pudesse tornar a caderneta menos atraente com a que da dos juros.
O movimento veio na última quinta-feira, quando o governo anunciou que o novo rendimento da caderneta. Acima desse 8,5%, os ganhos da poupança continuam sendo de 0,50% ao mês, mais a TR. (Veja o que mudou no quadro abaixo).
O objetivo foi evitar forte migração de grandes investidores para a poupança, cujo rendimento antigo poderia ficar mais atrativo com mais quedas na Selic, e distorções no mercado financeiro.
Ainda segundo o BC, em março, a poupança havia registrado captação líquida de R$2,545 bilhões.
