‘Não pergunte’, diz Collor sobre a sensação de ser cassado

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Senador Collor acompanhou a votação sentado na primeira fila

A cassação de Demóstenes Torres foi acompanhada bem de perto pelo senador Fernando Collor (PTB-AL). Sentado na primeira fila da sessão desta quarta-feira, o político, que passou pela mesma experiência quando era presidente da República, economizou palavras ao ser questionado sobre a sensação de ser cassado. "Não pergunte", limitou-se a dizer.

Collor foi afastado da Presidência da República por meio de um impeachment, em 1992, e hoje preside a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). Desde o início, o senador acompanhou ativamente dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que resultou na aprovação do pedido de cassação do então colega Demóstenes.

Quem também estava na primeira fila era o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), alvo recente de um caso de votação de processo de cassação no Senado. O político se tornou o primeiro presidente da Casa a ter uma cassação avaliada. Em setembro de 2007, escapou de perder o mandato após ser alvo de denúncias de que teria contas pessoais, como a pensão alimentícia de uma filha, pagas pelo funcionário de uma empreiteira. O placar foi de 40 votos a 35, com seis abstenções.

Em dezembro do mesmo ano, Calheiros foi mais uma vez absolvido. Por 48 votos a 29, com três abstenções, os senadores decidiram manter o mandato do colega, acusado de ter usado "laranjas" para comprar veículos de comunicação em Alagoas. Antes do início da sessão para avaliar seu processo de cassação, ele renunciou à presidência da Casa, cargo do qual estava licenciado havia 45 dias.

Caso Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra

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