Após o vexame nacional do Ensino Médio no último Ideb, principal indicador da qualidade do ensino no Brasil, o Ministério da Educação (MEC) decidiu acabar com as 13 disciplinas obrigatórias do currículo.
Em vez de aulas de Biologia, Física e Química, os alunos teriam matérias de quatro áreas — ciências humanas, ciências da natureza, linguagem e matemática — inspiradas no conteúdo cobrado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O ministro Aloizio Mercadante acredita que com a mudança será possível melhorar o desempenho do Ensino Médio em todo o País. A proposta ainda será encaminhada para análise no Conselho Nacional de Educação (CNE), que já aprovou as novas normas curriculares que propõem a flexibilização do modelo atual.
“Não estamos propondo a eliminação de disciplinas, mas a integração nas quatro áreas em vez do fracionamento que ocorre hoje”, explica o secretário de Educação Básica do MEC, César Callegari.
Ele acredita que o inchaço do currículo prejudica a aprendizagem. A mudança não será imediata. A previsão do ministro é alterar o currículo só em 2015. A próxima compra de livros vai priorizar obras que estejam organizadas nesse novo formato.
Especialistas concordam que é preciso reduzir disciplinas, mas dizem que o governo terá dificuldades para achar professores com formação ampla.
“O MEC não admite, mas está com uma batata quente na mão. Hoje faltam 60 mil professores de Matemática e 35 mil de Química em todo o país. Vai tentar resolver a carência reduzindo disciplinas. O problema é que não há professores com boa formação em quantidade suficiente para todas as escolas”, diz o educador Hamiltom Werneck.
Artes e inovação para reduzir a evasão
Além da reformulação do currículo, o ministro Aloizio Mercadante quer ampliar as escolas de tempo integral para melhorar o desempenho do Ensino Médio que, entre 2009 e 2011, subiu apenas 0,1 ponto, passando de 3,6 para 3,7.
“Precisamos de um novo currículo, mais flexível, menos fragmentado, tirando um pouco da sobrecarga de disciplinas”, disse o ministro. Um dos programas, batizado de Ensino Médio Inovador, já é adotado por 52 escolas estaduais do Rio, como o Colégio Monsenhor Miguel Santa Maria Mochon, em Padre Miguel.
O objetivo é despertar o interesse do jovem com oferta de atividades culturais, uso de mídias digitais, oficinas de leitura, expressão corporal e iniciação científica.
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