Alcatraz: Polícia Civil ‘desbarata’ esquema criminoso em presídios

Alagoas24Horas

Tabelas encontradas com os agentes penitenciários e prisões em flagrante

A diretora da Deic (Divisão Especial de Investigação e Capturas), Ana Luiza Nogueira, e o delegado-geral da PC, Paulo Cerqueira, concederam entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, 12, para apresentar detalhes sobre a prisão, no final de semana, de três agentes penitenciários e outras três pessoas envolvidas numa quadrilha que agia no sistema prisional de Alagoas.

Para surpresa da imprensa não houve apresentação dos presos, como é de costume. O motivo, segundo Nogueira, é que os agentes – presos em flagrante no sábado – teriam ficado detidos em uma cela especial no presídio Baldomero Cavalcanti naquele mesmo dia. A Polícia Civil teria chegado a conclusão de que seria injusto apresentar somente os familiares de reeducandos que também foram presos durante a operação Alcatraz.

Foram presos os agentes Bruno Luciano Baliano, 30 anos; Alexander Calheiros, 38 anos; e um terceiro identificado apenas como Amozaidam. Os policiais civis do Núcleo de Inteligência (NI), da Divisão Especial de Investigação e Capturas (DEIC) iniciaram uma investigação há cerca de três meses e no sábado (10), de posse de um mandado de prisão expedido pela 17ª Vara Criminal, foram até o Baldomero Cavalcanti deter Alexandre Calheiros.

Ao chegar ao local flagraram os três agentes em um veículo com mais de 20 celulares, carregadores de bateria, GPS, documentos de veículos roubados, listas com nomes de clientes, uma pistola .380 e uma tabela com preços de cada produto que seria introduzido nos presídios. No mesmo dia a polícia prendeu mais duas pessoas, familiares de presos, e no domingo, 11, a sexta pessoa.

Estariam envolvidos no esquema: Antônio Santiago Campos, 59 anos, Luciana da Silva Alvez, 36 anos e Joselina Maria da Silva, 26 anos, conhecida como Tatá.

Esquema familiar

Segundo Nogueira, Antônio Santiago Campos é pai dos presos: Daniel, Samuel e Thiago dos Santos Campos, que fazem parte de uma quadrilha especializada em assaltos a instituições financeiras, estabelecimentos comerciais e residências de empresários, desbaratada no início do mês de outubro durante a Operação Delivery.

Todas as pessoas presas teriam ligações com esta família e eram usadas pelos irmãos para introduzir celulares, drogas e outros materiais solicitados. O ‘cabeça’ do esquema seria Samuel Campos, que determinava as estretégias para aquisição dos produtos.

Daniel lidava diretamente com o pai, que fazia os contatos com o agente Bruno Baliano, e uma mulher identificada apenas como Elaine, que negociava as mercadorias com Amozaidam. Já Thiago, mantinha um elo com Joselina e Luciana, que estavam em contato com o agente Alexander Calheiros.

Tabela

A polícia conseguiu decifrar os códigos da tabela usados pelos agentes e presos. A quadrilha se referia aos celulares como “rádio”, que poderia ser adquirido no valor entre R$ 450 a R$ 6 mil. Os chips, chamados de “coração”, valem R$ 50. Consta também um item chamado “chocolate”, que na verdade é maconha prensada, no valor de R$ 500, equivalente a meio quilo, entre outros citados.

Para facilitar a entrega, cada produto possuía uma fita adesiva vermelha indicando os blocos onde o material seria entregue.

Crimes

Os envolvidos no esquema responderão por corrupção passiva, tráfico de drogas, roubo majorado, porte ilegal de arma de fogo, formação de quadrilha e facilitação de entrada de aparelhos eletrônicos no sistema prisional.

Quadrilha

A delegada Ana Luíza Nogueira lembrou que o braço armado da quadrilha foi preso em outubro durante a operação Delivery. Raul Carlos da Silva Santos, 24 anos; Perez dos Santos Cavalcante, de 40 anos; Jackson Sabino Moreira; Alexandre Neguinho; Evaldo Bitar; Sebastião Araújo e Diassis.

A quadrilha é responsável por diversas ações criminosas a exemplo do roubo a residência de um empresário, ocorrido no dia 12 de agosto deste ano; o assalto a um posto de combustível em São Miguel dos Campos, no dia 24 de setembro; o assalto ao posto de combustível São Cristóvão em outubro; roubo ao banco Santander, na Fits, em agosto deste ano e até um assalto contra um PM, em Major Isidoro, no dia 22 de setembro deste ano.