Exército de Israel bloqueia 3 estradas e reúne tropas perto da Faixa de Gaza

Após 3 dias de violência e 30 mortes, ofensiva terrestre pode estar perto.

APPoliciais israelenses procuram por foguete que teria caído na região de Jerusalém nesta sexta-feira (16)

Policiais israelenses procuram por foguete que teria caído na região de Jerusalém nesta sexta-feira (16)

O Exército de Israel informou nesta sexta-feira (16) que estava bloqueando para a passagem de civis três estradas em território israelense que levam à Faixa de Gaza ou fazem fronteira com ela.

"Há uma zona militar fechada", afirmou um porta-voz, que explicou que a estrada 232, a rota 10 e parte da rota 4 foram fechadas ao tráfego não militar. "São as principais estradas em torno da Faixa de Gaza."

A medida pode ser de preparação para uma ofensiva terrestre ao território palestino controlado pelo Hamas, após três dias de escalada da violência na região, com bombardeios de lado a lado e que já provocaram pelo menos 30 mortes.

Segundo o secretário de gabinete, Zvi Hauser, o governo de Israel conseguiu aprovação ministerial para convocar até 75 mil soldados reservistas para a possível ofensiva.

O exército já desloca grandes contingentes de militares e armamentos pesados ao longo da fronteira.

Uma autoridade israelense disse à France Presse que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reuniu na sexta à noite o gabinete de segurança, composto por nove ministros, no Ministério da Defesa, em Tel Aviv, para "discutir uma eventual extensão das operações do Exército".

Nenhuma decisão foi imediatamente anunciada, e alguns comentaristas especularam que esse anúncio seria parte de uma guerra psicológica contra o Hamas.

Jerusalém na mira

Também nesta sexta, um foguete lançado pelo braço armado do Hamas caiu na região de Jerusalém.

Ele atingiu uma região não habitada no conjunto de colônias do Goush
Etzion, na Cisjordânia, sudoeste de Jerusalém, sem causar vítimas, segundo a polícia.

Sirenes antiaéreas soaram na cidade, que fica a 70 quilômetros de Gaza, antes de um impacto ser ouvido, segundo testemunhas.
A Cidade Santa é um dos principais pontos das emperradas negociações de paz entre os dois países.

Israel considera Jerusalém como sua capital "’unificada e indivisível", além de sede do governo, enquanto os palestinos querem transformar a parte oriental da cidade na capital de seu futuro Estado.
Desde 1970, um foguete palestino não caía nos arredores da cidade.

Tel Aviv/h2>

Mais cedo, o Hamas lançou um foguete Qassam em direção à cidade israelense de Tel Aviv. Ele caiu no mar. Sirenes e uma forte explosão também assustaram os moradores.

Na quinta e sexta-feira foram disparados três foguetes contra Tel Aviv, e dois deles caíram no mar.

No total, 27 palestinos foram mortos em três dias e pelo menos 235 ficaram feridos em bombardeios israelenses, enquanto três civis israelenses morreram na queda de um foguete sobre um imóvel no sul de Israel.

Pelo menos 550 foguetes palestinos foram lançados nos três dias, mas muitos deles foram interceptados pelas defesas antiaéreas israelenses. Do outro lado, cerca de 500 foguetes israelenses foram lançados sobre o enclave palestino.

Os ataques às grandes cidades israelenses até agora não causaram danos nem vítimas, mas, segundo analistas, podem trazer consequências políticas para Netanyahu, um conservador que é franco favorito para conquistar um novo mandato em janeiro, com uma plataforma política que enfatiza questões de segurança.

Trégua frustrada

Um porta-voz do primeiro-ministro Netanyahu havia acusado pouco antes o Hamas de não respeitar uma trégua provisória anunciada por Israel durante a visita do premiê do Egito, Hisham Kandil, ao território.

"O Hamas não respeita a visita do primeiro-ministro egípcio a Gaza e viola a trégua temporária com a qual Israel concordou durante a visita", disse Ofir Gendelman, porta-voz de Netanyahu, que está em campanha eleitoral.

O Hamas afirmou que esperou a saída de Kandil para retomar os ataques.

Egito

Durante a visita de solidariedade, Kandil disse que seu país vai "intensificar esforços" para conseguir uma trégua entre os grupos armados palestinos e Israel.

Ele fez em uma breve visita ao território para tentar deter a violência dos últimos dias, detonada após Israel ter matado, na quarta-feira, Ahmed Jaabali, principal comandante militar do Hamas.

Uma autoridade palestina próxima aos mediadores do Egito disse à Reuters que a visita de Kandil era o começo de um processo para explorar a possibilidade de se chegar a uma trégua. "É cedo para falar de qualquer detalhe ou de como as coisas vão evoluir", afirmou.

A violência em Gaza criou preocupação em um Oriente Médio agitado por dois anos de revoluções democráticas no mundo árabe e uma guerrra civil na Síria que ameaça se espalhar por toda a região.

O Egito, que atualmente tem um governo islâmico considerado ideologicamente próximo ao Hamas, ambos com origens na Irmandade Muçulmana, já negociou tréguas anteriores entre Israel e palestinos na Faixa de Gaza.

Kandil reiterou que o Egito, que assinou um tratado de paz com Israel em 1979, defende a criação de um Estado palestino, tendo Jerusalém como capital.

Repercussão

A União Europeia admitiu nesta sexta-feira que Israel tem o direito de defesa, mas pediu ao país uma "resposta proporcional" aos ataques dos grupos palestinos.

A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, afirmou estar "profundamente preocupada com a escalada da violência" e lamentou a perda de vidas nos dois lados.

O governo dos Estados Unidos pediu na quinta-feira a Egito e Turquia que utilizem sua influência com os palestinos para acabar com os disparos de foguetes a partir de Gaza, ao mesmo tempo que considerou que o Hamas deve interromper os ataques "injustificáveis".
A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu ao Egito que use sua influência sobre o Hamas para pôr fim à violência, acrescentando que "Israel tem o direito e a obrigação" de proteger sua população.

"O Hamas em Gaza é responsável pela irrupção da violência", afirmou o porta-voz de Merkel, Georg Streiter. "Não há justificativa para o disparo de foguetes contra Israel, que tem resultado em enorme sofrimento para a população civil."

O negociador-chefe dos palestinos para o processo de paz, Saeb Erekat, cujo empenho para firmar um acordo com Israel é considerado uma "traição" pelo Hamas, disse que os esforços do presidente palstino, Mahmoud Abbas, estão concentrados em uma coisa: fazer a violência retroceder e salvar vidas em Gaza. "É isso o que estamos esperando", disse.

"Nenhuma pressão pode deter nossos esforços nas Nações Unidas", disse ele, referindo-se às ações para levar a Assembleia-Geral da ONU a votar no fim do mês a concessão do status de Estado observador aos territórios palestinos, incluindo a Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental.

Manifestações em apoio ao Hamas e aos palestinos de Gaza aconteceram na Cisjordânia, no Irã, no Cairo e nos campos de refugiados palestinos no Líbano.

No Líbano, o movimento xiita Hezbollah comemorou os ataques a Tel Aviv, falando de um "avanço significativo".

Última guerra
A última guerra entre os dois lados, uma blitz aérea israelense que durou três semanas e uma invasão por terra durante o período de Ano Novo de 2008-2009, deixou mais de 1.400 palestinos mortos, a maioria civis, e matou 13 israelenses.
"Se o Hamas diz que compreende a mensagem e se compromete com um cessar-fogo duradouro, via os egípcios ou qualquer outra pessoa, é isso que nós queremos. Queremos tranquilidade no sul e uma forte dissuasão", disse o vice-primeiro-ministro de Israel, Moshe Yaalon.
"Os egípcios têm sido um canal para a passagem de mensagens. O Hamas sempre se volta para pedir um cessar-fogo. Estamos em contato com o Ministério da Defesa egípcio. E poderia ser um canal em que um cessar-fogo seja alcançado", disse à rádio israelense.

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