‘Seria covarde abandonar meu mandato’, diz Almeida ao desistir de candidatura

Luis Vilar/Alagoas24Horas

O prefeito de Maceió, Cícero Almeida (PP), desistiu oficialmente da candidatura ao Governo do Estado de Alagoas. O prefeito – conforme ele mesmo – vai participar do processo como eleitor e deve seguir as decisões do PP, caso estas não “contrariem os interesses do povo maceioense”. Cícero Almeida se comprometeu ainda em estar no palanque da pré-candidata a Presidência da República, Dilma Rousseff (PT), em Alagoas, “como prova de gratidão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)”.

De acordo com o prefeito, não houve pressões para a desistência da candidatura. “Foi uma decisão sem imposição e sem pressão, coisa que eu não admito. Foi pessoal. Em momento algum meu coração pediu que eu fosse candidato ao Governo do Estado”, destacou o prefeito, ressaltando ainda o papel dos diálogos com Deus no processo que o levou a desistir de uma candidatura.

O prefeito rebateu ainda às críticas de alguns setores da imprensa, que ironizou seus diálogos com o Todo Poderoso. “Eu não sei qual o Deus destas pessoas, que estas pessoas que me ironizaram acreditam. Mas, se eu não fosse um bom filho, temente a Deus, eu não estaria diante de vocês como prefeito de Maceió. Minha fé com Deus é confidente. Os políticos que governaram Alagoas eram de uma capitania hereditária e isto acabou quando o povo me elegeu, mesmo sendo apenas um radialista”, colocou.

Almeida diz que continua na Prefeitura Municipal até 2012, quando pretende se candidatar à Câmara Municipal de Maceió. “Estou pautado por não fazer nada errado. Eu me orgulho de ser prefeito e se for um dia governador, Alagoas irá se orgulhar do governador que vai ter. Conheço o Estado como ninguém”. A ressaltar sua decisão de não concorrer no pleito deste ano, o prefeito de Maceió fez uma retrospectiva de sua carreira política e frisou que não tem dúvidas de que se fosse candidato, “seria eleito”.

“A aprovação de mais de 90% do nosso mandato, além de uma aprovação em todo o Estado. Nada disto teria acontecido sem o ex-deputado-federal João Lyra (PTB), o deputado federal Benedito de Lira (PP) e José Thomaz Nono”, colocou Cícero Almeida. De acordo com prefeito, a união com as pessoas citadas permanece e ele seguirá as decisões políticas do PP. “Surgiu o meu nome como candidato pelo trabalho feito. Ouço a sociedade onde quer que eu vá e ouço o chamamento. As pesquisas apontam isto e me deixa satisfeito, pois é o reconhecimento do trabalho”.

“Em 10 anos seria um recorde ganhar as cinco eleições”, complementou ainda. “Não tenho dúvida que nós ganharíamos a eleição. Espero que o grupo hoje firmado possa permanecer unido por Alagoas”, destacou ainda Almeida ao falar das discussões que envolvem partidos opositores do atual governador Teotonio Vilela Filho (PSDB). Porém, o partido do PP a um candidato do “chapão” não está definido. Almeida diz que as decisões partidárias devem ser anunciadas por Benedito de Lira. O deputado federal, presente na coletiva, salientou que o PP está “equidistante” dos grupos políticos e não pertence “nem a chapão, nem a chapinha”.

O futuro do PP

“O PP é um partido grande. Hoje é o maior de Alagoas e tem que se tratado como tal. Não somos sigla de aluguel”, destacou Benedito de Lira, ao falar das composições políticas. O deputado federal deu a entender que o chapão já não é uma realidade. “Não vamos estar em um grupo político para favorecer candidatura de ninguém com olhos claros. Aqui todo mundo tem olho de caboclo e tem que ser tratado igual”, disse.

Indagado se seria uma indireta ao senador Renan Calheiros (PMDB), integrante do chapão e candidato à reeleição no Senado Federal, Benedito de Lira disse que não, apesar do senador ter olhos claros e – conforme informações de bastidores – tentar articular o chapão em torno de sua candidatura ao Senado. Calheiros defende o nome do ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) como candidato ao Governo no embate contra Teotonio Vilela Filho.

Lessa, antes de ser pré-candidato ao Governo, era candidato ao Senado Federal. Desta forma, ao tirar Lessa do jogo, Renan – em tese – estaria se livrando de um adversário. Outro adversário é o próprio Benedito de Lira (PP), que participou das reuniões do chapão. A relação entre o PP e os demais partidos que integram a frente de oposição pode representar a implosão do grupo e a aproximação de Benedito de Lira do Palácio República dos Palmares.

Benedito de Lira nega que tenha tido conversas com o governador neste nível e diz que não consultou ainda os prefeitos que fazem parte do partido, mas assume que atualmente o PP não tem definido quem vai apoiar para o Governo do Estado. “Estamos conversando”, frisou. Cícero Almeida, por sua vez, diz que mantém um bom relacionamento com todos os pré-candidatos, inclusive com o próprio governador Teotonio Vilela.

O prefeito ressaltou que Ronaldo Lessa, por exemplo, tem sido “fiel e amigo” nas discussões políticas. Benedito de Lira ressaltou que o PP não foi pressionado, nem negou legenda a Cícero Almeida. “O partido sempre defendeu a candidatura dele. Inclusive, o PP lamenta o Cícero Almeida não ser candidato. Mas, esta é uma decisão pessoal e agora vamos buscar o melhor caminho. Hoje, o PP não tem inclinação para lugar nenhum. Estamos nos centros das decisões. Não estamos nem do lado A, nem do lado B. Não admitimos é privilégio de candidaturas em um grupo onde todos devem ser tratados como iguais”, disse ainda.

Ao avaliar o que representa sua desistência de candidatura, criando assim um novo contexto, Cícero Almeida colocou que “está dando um presente para a população de Maceió, ao permanecer até o fim do mandato”. O prefeito não negou que foram várias conversas até chegar a decisão final, incluindo os diálogos no fim de semana passado, com João Lyra e Benedito de Lira. “Continuo filiado ao partido até que este não contrarie os interesses do meu povo. Eu abri mão da candidatura em respeito de um povo que me ama e declarou o seu amor por mim. Meu projeto político está na mão de Deus e do povo alagoano”.