Menina é ‘vendida’ e violentada

Diário de CuiabáSegundo Conselho, menina foi trocada no CE por R$ 700 e lote de terra, aos 11 anos. Era ‘esposa’ na casa

Segundo Conselho, menina foi trocada no CE por R$ 700 e lote de terra, aos 11 anos. Era ‘esposa’ na casa

A Polícia Civil investiga em Várzea Grande um caso assombroso de crimes contra uma adolescente que perduraram até a semana passada numa casa do bairro Mapim. Vizinhos e Conselho Tutelar denunciaram que a menina R., 14 anos, há três era mantida trancada trabalhando como dona-de-casa, sofrendo abusos sexuais e violência física regularmente por uma família que a “comprara” no Ceará. O “preço” aceito pela mãe da garota teria sido de R$ 700 e um lote de terra.

Enquanto a polícia investiga, R. está sob cuidados do Conselho Tutelar de Várzea Grande. A família que a mantinha é formada por um casal, ambos com cerca de 60 anos e vivendo de aposentadoria, e o filho Alexandre, de 30 anos, que tratava R. como se fosse sua esposa.

E ela assim acreditava. Segundo o Conselho, a adolescente é extremamente inocente, submissa e ignorante a ponto de não entender como agressões os abusos sexuais aos quais era submetida regularmente pelo pai da família e pelo filho – que também é aposentado. Há suspeita de que ele sofra de algum distúrbio mental.

Fisicamente, a garota mal começou a se desenvolver; morena clara, magra e de cabelos curtos (cortados por Alexandre num ataque de ciúmes), ela não chega a ter estrutura de mulher ainda, segundo o Conselho, e sofre com um pouco de anemia. Retraída e de pouca fala, ela ainda está tentando se socializar com outras crianças e adolescentes no abrigo onde está. Em breve, deve frequentar a escola.

R. era mantida trancada em casa, onde cumpria com funções domésticas, dominada e escondida pela família. Ela relatou ter sido vendida a eles por sua mãe, sem condições de criá-la no interior do Ceará, onde teria oito irmãos. O Conselho Tutelar naquele Estado localizou a mãe de R., que disse desconhecer os fatos e que se abalou emocionalmente com a história. A menina também contou que, em Várzea Grande, sempre lhe diziam que não teria para onde ir.

Segundo a conselheira Patrícia Débora, R. foi encontrada escondida na residência em Várzea Grande quando representantes do Conselho Tutelar foram investigar a família que a mantinha. No portão da casa, todos os três saíram para receber os representantes, mostraram-se nervosos e entraram em contradição quando questionados do paradeiro de R., até que o pai resolveu indicar onde ela estava: por medo, ela mesma tratou de se esconder num armário de cozinha.

INVESTIGAÇÃO – A família foi levada ao Cisc da cidade para o registro de um boletim de ocorrência, mas o delegado de plantão os liberou em seguida por não constatar caso de prisão em flagrante. Ele havia se comprometido a analisar o relatório do Conselho para avaliar a situação, denunciada também por vizinhos, e R. ficou sob os cuidados do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).

Na segunda-feira, o Ministério Público requereu da Delegacia Especializada em Defesa da Mulher, da Criança e do Adolescente e do Idoso de Várzea Grande a investigação do caso. O inquérito está sendo presidido pela delegada Daniela Maidel, segundo a qual a história não é tão simples quanto parece e que diversas outras versões ainda precisam ser investigadas.

Fonte: Diário de Cuiabá

Veja Mais

Deixe um comentário

Vídeos