Crack mantém cerca de 30 pessoas acorrentadas em Alagoas

Sionelly Leite/Alagoas24horasMãe convive com drama de filho e pede ajuda para retirá-lo das drogas

Mãe convive com drama de filho e pede ajuda para retirá-lo das drogas

Na semana em que o Governo do Estado lançou a campanha “Chega de Violência, Alagoas pede Paz”, que visa integrar forças no combate às drogas em Alagoas, um dado chama atenção. Não há vagas em comunidades terapêuticas e clínicas do Estado para o tratamento de dependentes químicos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

Mães e pais desesperados têm percorrido verdadeira via crucis em busca de soluções para um problema que preocupa cada dia mais: a dependência química, sobretudo, em crack. O resultado é ainda mais chocante. Pelo menos 30 pessoas são mantidas acorrentadas, em todo o Estado, à espera de uma vaga em um espaço de reabilitação.

Para a presidente do Fórum Permanente de Combate às Drogas, Noélia Costa, a campanha lançada pelo governo é o primeiro passo do combate às drogas. “É preciso que haja uma união entre os segmentos da sociedade porque esta é uma guerra sem estratégias. Alagoas, aliás, o Brasil não está preparado para lidar com uma droga tão poderosa quanto o crack, nem tampouco para acolher e tratar os seus dependentes”, disse Costa.

A professora conta que estatísticas recentes revelam que em 2008 foram apreendidos 410 kg de crack no Brasil. O número cresceu assustadoramente em 2009, quando foram apreendidos 4.500 kg da droga. A estimativa é que este número também tenha crescido em 2010, quando a droga já se tornou espécie de epidemia.

“Todos os dias recebo dezenas de telefonemas de mães desesperadas à procura de um internamento para o seu filho. São pessoas sem a mínima condição financeira para pagar o internamento em uma clínica particular. Já recebi telefonemas de pessoas sem esperanças que querem tirar sua própria vida devido ao sofrimento. São essas pessoas que acorrentam seus filhos por amor, para evitar que sejam assassinados por traficantes ou morram de overdose”, desabafa Noélia Costa, acrescentando que as comunidades terapêuticas (cerca de 16 no Estado) não possuem capacidade para atender à demanda de Alagoas.

Questionada sobre os recursos adquiridos pelo Estado para o trabalho de combate às drogas, na ordem de R$ 2 milhões e 900 mil, Noélia Costa afirma que será uma grande ajuda, mas deve ser aplicada da forma correta. “Os recursos vão possibilitar a ampliação de aproximadamente 900 vagas nessas comunidades. É bom, mas é insuficiente em relação a demanda. Alagoas precisa de hospital para dependentes químicos, porque o crack precisa ser tratado medicamentosamente”, concluiu.

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