Delegado paraibano é preso por corrupção

A Polícia do Rio Grande do Norte prendeu nesta quarta-feira (9), o delegado paraibano Pedro Melo do Nascimento. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (10). Ele é acusado de receber propina para fazer ‘vista grossa’ e dificultar as investigações do jogo do bicho na época em que comandava a Delegacia de Jucurutu, município localizado a 262 km de Natal.

De acordo com informações divulgadas pela imprensa potiguar, Pedro Melo, tem 55 anos, é natural do município paraibano de Aroeira, e trabalhou mais de 10 anos na Secretaria de Segurança da Paraíba antes de ser nomeado delegado no ano de 2004.

Confira logo abaixo a íntegra da matéria publicada pela Tribuna do Norte ou clique aqui para conferir a postagem no link original:

‘Delegado é preso por corrupção

Uma vergonha para a Polícia Civil. Foi assim que o delegado-geral do Estado, Elias Nobre, classificou o também delegado, Pedro Melo do Nascimento, preso na manhã de ontem, na Diretoria da Polícia Civil no Interior. Pedro Melo é acusado de receber propina para fazer “vista grossa” e dificultar as investigações do jogo do bicho, quando comandava a Delegacia de Jucurutu, a 262 km de Natal – atualmente, ele estava comandando a delegacia de Touros.

“Na verdade, foi o artigo 344 do Código Penal Brasileiro, que diz respeito a ameaça de testemunhas, que levou ao pedido de prisão feito pelo Ministério Público. Com ele em liberdade, mesmo não estando mais lotado em Jucurutu, estava complicado dar seguimento as investigações”, afirmou o também delegado Ben-Hur Cirino de Medeiros. Pedro Melo responde também a outros quatro procedimentos administrativos na Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed), por irregularidades como agressão, prisão indevida e liberação de veículo irregular.

O pedido de prisão preventiva em relação ao envolvimento do delegado com o jogo do bicho foi feito pelo promotor Alysson Michel de Azevedo Dantas. No dia 31 de maio, a juíza de Jucurutu, Manuela de Alexandria Fernandes Barbosa, assinou a prisão preventiva de Pedro Melo. Contudo, ela só chegou às mãos do delegado-geral, Elias Nobre, na terça-feira. “Entramos em contato com o delegado quando ele estava indo em direção à delegacia de Touros. Pedimos que ele fosse até à diretoria da Polícia Civil no Interior e lá recebeu voz de prisão”, contou Elias Nobre. A prisão aconteceu por volta das 9h30.

As investigações da Polícia Civil apontam para a participação ativa do delegado no esquema montado por contraventores para a prática do jogo do bicho. No processo aberto em 2008 para investigação do crime de contravenção em Jucurutu, consta que a promotora de Justiça da Comarca de Jucurutu, Luciana Maria Cavalcanti Maciel, requisitou a Pedro Melo a instauração de Termos Circunstanciados que registrassem as prática ilegais. Porém, além de não atender ao pedido, o delegado teria reunido os “bicheiros” e solicitado nova quantia para continuar omisso do seu dever legal.

Enquadrado no artigo 316, 317 e 344, Pedro Melo pode ser condenado a até 24 anos de prisão. “Ele era uma vergonha para a Polícia Civil, porque era uma pessoa que deveria proteger a sociedade e ajudar no cumprimento das leis. Não o contrário”, afirmou o delegado-geral. O secretário da Sesed, Cristóvam Praxedes, compartilha da mesma opinião e afirma que uma prisão como essa, mostra o nível de seriedade da Polícia. “Esse tipo de ação confirma o nosso comprometimento com a sociedade. Mesmo sendo uma pessoa de dentro da Polícia, não escapou da prisão e não vai escapar de uma investigação séria”, afirmou Praxedes.

Pedro Melo está preso na Delegacia de Capturas, no bairro de Candelária, zona Sul de Natal, em uma cela especial à disposição da Justiça.

Polícia investiga outras acusações

O delegado Pedro Melo do Nascimento, 55 anos, natural da cidade paraibana de Aroeira, chegou ao Rio Grande do Norte depois de mais de 10 anos trabalhando na Secretaria de Segurança da Paraíba. Ele assumiu em 2004 o cargo de delegado de polícia, estando em uma das últimas turmas nomeadas no concurso público realizado ainda em 1996. No entanto, Pedro Melo não demorou muito para ter o nome levado até à Corregedoria Geral da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed).

Na Delegacia de Mossoró, para onde foi enviado, recebeu a acusação de agressão física. Pouco depois, também recebeu a acusação de ter pedido um valor maior do que o registrado na fiança para um preso. Nos dois casos, ele foi considerado inocente mas, mesmo assim, foi transferido para a delegacia de Caicó, onde se envolveu em outra confusão em 2008: prendeu um homem errado. “Ele prendeu um senhor de idade porque tinha o mesmo nome de um rapaz acusado de cometer um crime na cidade. Disse que o senhor ficou preso para averiguação, mas não existe mais esse tipo de prisão. Resultado: o senhor se enforcou dentro da cela”, contou o corregedor-geral da Sesed, Alexandre Henrique Pereira.

Esse processo já se encontra bastante avançado e deve ir a análise do Conselho Superior de Polícia, podendo render uma suspensão de 30 a 90 dias para o delegado. Em Jucurutu, além de se envolver com o jogo do bicho, Pedro Melo também é acusado de cometer outra infração: liberar um carro com numeração de registro adulterada. Esse processo também está na Corregedoria-Geral. “Temos informações ainda não confirmadas que Pedro Melo responde a crimes na Paraíba e isso, inclusive, teria motivado a saída dele do trabalho na Secretaria de Segurança Pública de lá”, afirmou o delegado Ben-Hur Cirino.

“Nunca recebi propina”

Em entrevista exclusiva à Tribuna do Norte, o delegado Pedro Melo disse que é casado, pai de cinco filhos, entre eles, uma garotinha de dois meses que foi adotada. Melo, que trabalhou na polícia do Estado da Paraíba por dez anos até passar em concurso público no Rio Grande do Norte, afirmou ter 21 anos de serviços prestados à Segurança Pública. Abalado com a prisão, Pedro Melo disse estar surpreso com a decisão judicial.

Era do seu conhecimento que a justiça havia decretado um mandado de prisão desde o dia 31 de maio deste ano contra o senhor?

Não. Na segunda-feira (7) estive no aniversário do delegado geral Elias Nobre. Ninguém me disse nada. Fiquei surpreso quando recebi a ligação do diretor da Delegacia de Polícia do Interior, Osmir Monte que pediu que eu fosse até à Delegacia Geral de Polícia (Degepol). Ao chegar lá, ele me comunicou sobre o mandado de prisão preventivo.

O senhor prendeu uma pessoa inocente em Caicó que em seguida cometeu suicídio? Como foi aquele dia?

Eu não prendi. Havia um mandado de prisão contra um homem. Era um homônimo (pessoas que tem nomes idênticos). O delegado regional de Caicó, naquela época, Olavo Dantas foi quem determinou a prisão. Ele foi detido pelo P2 (policiais militares que trabalham na inteligência da PM) e Olavo pediu para que me avisassem da prisão. Eu já havia sido exonerado do cargo em Caicó e seria delegado em Jucurutu.

Sobre as denúncias de que o senhor recebia propina para não investigar o jogo do bicho na cidade de Jucurutu?

Quando fui trabalhar naquela localidade, o jogo do bicho já existia há muitas décadas. Nunca recebi propina. Sabia que havia denúncias contra o meu trabalho na corregedoria, mas eram tão infundadas que não me preocupei. Esperava o momento para me defender.

E as ameças que o senhor teria feito às testemunhas de Jucurutu que iriam depor contra o senhor?

Depois que deixei a delegacia de Jucurutu, em 9 de fevereiro de 2009 nunca mais estive lá. Não poderia estar ameaçando ninguém.

O senhor se sente injustiçado?

Sim. É uma pena que aconteça isso. Nunca fui intimado pela justiça de Jucurutu para esclarecer qualquer que fosse a denúncia. Espero agora poder me defender. Se me derem esse direito inerente a todos os cidadãos. Nunca fugi das minhas responsabilidades.’

Da redação do Portal Correio com Tribuna do Norte

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