Chuvas atingem mais de 80 mil pessoas em Alagoas

Alagoas24horasEm 21 municípios, foram contabilizados mais de 70 mil desabrigados e desalojados

Em 21 municípios, foram contabilizados mais de 70 mil desabrigados e desalojados

De acordo com os números mais atualizados do Corpo de Bombeiros, mais de 80 mil pessoas no Estado de Alagoas foram atingidas pelas chuvas. Os dados foram divulgados na manhã de hoje, dia 21, em coletiva na sede do quartel da corporação, no bairro do Trapiche da Barra. Ao todo, aproximadamente 60 mil pessoas se encontram desalojadas ou desabrigadas. O Corpo de Bombeiros contabiliza ainda 19 mortos.

O comandante operacional do Corpo de Bombeiros, coronel Josivaldo Feliciano, destacou que o primeiro momento de resgate de pessoas já foi praticamente encerrado. A preocupação principal agora é levar assistência às áreas e às pessoas atingidas. Por esta razão, foi iniciada – desde sábado, dia 19 – uma campanha de doação de donativos, principalmente alimentos e água potável.

Feliciano destaca a importância das pessoas que puderem doar alimentos não perecíveis e água potável se encaminharem para os quartéis do Exército, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. “Precisamos centralizar para evitar que as pessoas façam estas doações diretas aos municípios. Usaremos carros oficiais para entregar estas doações. Além disto, o Corpo de Bombeiros pode distribuir estes alimentos conforme a gravidade das localidades” destacou.

A importância da centralização das doações também foi destacada pelo comandante do Exército, coronel Pinto Sampaio. De acordo com ele, desde o início das operações de resgates, as Forças Armadas estão trabalhando com viaturas que conseguem chegar a lugar de difícil acesso e com 200 homens. “Centralizar as doações nestes locais é importante porque sabemos onde estão os casos mais graves e o que realmente é preciso fazer. Não levem direto às comunidades para evitar saques. Pedimos ainda que alguns não aproveitem a catástrofe para fazer campanha política”, colocou.

O comandante ainda reforça que assim o Corpo de Bombeiros e o Exército poderão “fazer o seu papel”. O comandante do Corpo de Bombeiros, Neitônio Freitas, destacou que na corporação já existem oito mil cestas básicas e “uma boa quantidade de água potável. Neste momento, não será problema reabastecer estas cidades”, colocou ainda. Porém, as doações devem continuar a serem feitas.

Há uma preocupação com novas chuvas. De acordo com as previsões meteorológicas pode voltar a chover forte na terça-feira, dia 22. A situação é grave em 21 cidades de Alagoas. “Em 25 anos de profissão, nunca vi nada igual. As cidades parecem que passaram por uma guerra”, destacou Freitas. Destas cidades, algumas ainda se encontram sem abastecimento de água. Palmeira dos Índios e Capela tiveram a tubulação arrastada pelas águas.

O município de Santana do Mundaú – por exemplo – ainda está sem acesso por vias terrestres. O número de mortos, como coloca o Corpo de Bombeiros, ainda pode subir nos próximos dias. “A população alagoana precisa saber da gravidade e ser convocada à solidariedade, doando alimentos, água potável e o que puderem”, destacou o comandante do Corpo de Bombeiros. As doações também são recebidas nas bases do interior do Estado.

Ações

De acordo com Feliciano, durante as ações de resgates foram utilizados seis helicópteros. Só em União dos Palmares foram resgatadas – nos últimos dois dias – 36 pessoas. Uma média de 160 pessoas foram retiradas das cidades. O Corpo de Bombeiros tem orientado aos prefeitos a alojarem as pessoas em casas de vizinhos, em ginásios locais, prédios públicos e – em último caso – nas escolas. “As escolas estão sendo o último caso para não atrapalhar o ano letivo. Mas, há cidades que até os prédios públicos foram destruídos”.

A tragédia – conforme o coronel da Defesa Civil, Denildson Queiroz – foi provocada pelo volume de chuva que caiu em Pernambuco e elevou o nível dos rios, provocando enchentes que destruíram parte das cidades alagoanas e pernambucanas. “Uma quantidade de chuva de cinco meses caíram em dois ou três dias”, destacou Queiroz. De acordo com ele, a Defesa Civil tem colhido constantemente informações de radares e trabalhado também com a prevenção.

Conforme Queiroz, se não fossem as ações preventivas da Defesa Civil, a destruição poderia ainda ser bem pior. “Desde o ano passado que realizamos cursos e palestras preparando a população. Não podemos impedir a chuva, mas podemos traçar ações para minimizar os estragos. Se não fossem essas ações poderia ser pior. O momento é difícil, mas a população tem que confiar no Governo. Estamos dando o máximo possível. O momento é de união e coesão”.

O coronel ressaltou que ainda há pessoas que estão há dois dias sem alimento e água potável. Há também – segundo ele – a preocupação com doenças oriundas das chuvas e pela ingestão de água poluída. “Superamos a fase do socorro e agora partimos para a assistência com alimentos e água. A população não pode se desesperar”.

Estratégia

O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil já traçaram uma estratégia para abastecer as regiões mais afetadas. Será montada uma sede para onde vão as doações. Ela ficará na cidade de Joaquim Gomes e de lá partem para as regiões conforme a gravidade. As ações estão mobilizando todo o efetivo do Corpo de Bombeiros.

“Há uma estratégia e estamos orientando os prefeitos a não mandarem caminhões para distribuir alimentos, porque isto será feito de forma coordenada. Não se aproveitem do momento para fazer política. É preciso evitar tumultos, saques e desvios de interesses”, colocou Queiroz. O contato com os prefeitos também está sendo feito para saber a quantidade de desabrigados.

De acordo com Queiroz, o nível dos rios já está retornando à normalidade, o que pode ajudar nos trabalhos a serem realizados.

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