Automedicação pode esconder sintomas e agravar doenças

Assessoria Santa CasaCláudia Falcão, médica intensivista da Santa Casa de Maceió

Cláudia Falcão, médica intensivista da Santa Casa de Maceió

Atire a primeira pedra quem nunca tomou um remédio por conta própria, sem receita ou indicação médica. E não estamos falando de chazinhos ou fórmulas caseiras, mas de medicamentos controlados, como os antibióticos, e até mesmo os aparentemente inofensivos fitoterápicos. Mesmo sabendo dos riscos, muitas pessoas ainda recorrem à automedicação.

Infelizmente a extensão do problema ainda não é conhecida no Brasil. Segundo dados do Conselho Federal de Farmácia , a automedicação é responsável por 25% dos casos de intoxicação, sendo que em crianças chega a 35%.

“Os populares ‘calmantes’, antigripais, antidepressivos e anti-inflamatórios são as classes de medicamentos que mais intoxicam no país. Alguns antialérgicos podem causar sonolência, antibióticos podem comprometer rins e fígado, ”cortisona” pode elevar a pressão e aumentar a glicose. Se tais medicamentos forem consumidos associados a outras drogas, os efeitos podem ser ainda piores”, alertou a médica intensivista da Santa Casa de Maceió, Cláudia Falcão.

Conforme conceitua a especialista, a automedicação é a prática de ingerir medicamentos sem o acompanhamento de um profissional. “Essa conduta pode sair mais cara, pois remédios podem mascarar sintomas, agravar doenças e ter efeitos colaterais prejudiciais”, acrescentou Falcão.

A automedicação é bastante difundida não só no Brasil, mas em muitos países industrializados onde drogas de uso mais simples são vendidas sem prescrição médica ou odontológica. Embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamente o comércio e a propaganda dos medicamentos de venda livre, não há normas e nem orientação para o seu consumo.

Segundo pesquisadores ingleses, a indústria farmacêutica mundial representa o 2º melhor negócio do planeta, ficando atrás apenas das companhias petrolíferas. Neste ranking negativo, o Brasil figura entre os seis maiores consumidores. No país existe mais de 32 mil rótulos com 12 mil substâncias, quando cerca de 420 seriam suficientes para tratar as mais diversas doenças. Para se ter uma ideia, o Brasil possui uma drogaria para cada 3 mil habitantes, número duas vezes maior do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde.

As razões que estimulam o consumidor a se automedicar são inúmeras: propaganda massiva de medicamentos, tímidas campanhas sobre os perigos da automedicação, dificuldade e custo de acesso ao médico, desespero e angústia desencadeados pelos sintomas, acesso a conteúdos na internet pouco confiáveis, indicação de terceiros e de balconistas de farmácia e até mesmo o puro achismo de quem acredita que todo sintoma pode ser curado com a mesma droga.

Segundo o médico Reinaldo Ayer de Oliveira, membro do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, cerca de 70% dos sites sobre saúde não têm referências médicas. Em algumas especialidades há um “bombardeio”de informações sem critério e recomendações de dietas, tratamentos para menopausa, informações sobre cirurgias de obesidade (bariátricas) e propostas miraculosas para a área estética. Some-se tudo isso aos prêmios oferecidos por alguns laboratórios a balconistas de farmácias e à falta de farmacêuticos, temos a fórmula certa para o crescimento da automedicação.

Fonte: Assessoria Santa Casa

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