Em despedida, Richarlyson chora e diz que queria ficar

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Richarlyson deixa o São Paulo

Após conquistar um título mundial, três brasileiros – um deles como melhor volante da competição – e chegar à Seleção Brasileira, Richarlyson deu adeus ao São Paulo, ao conceder sua última entrevista coletiva pelo clube. O vínculo do jogador se encerra no dia 20 de dezembro e não será renovado. Por conta disso, a comissão técnica decidiu não levá-lo para a partida deste domingo, contra o Atlético-MG, no Morumbi.

Durante a entrevista, que foi interrompida por alguns minutos para ser homenageado pelos companheiros, Richarlyson disse que deixa o clube contra sua vontade, mas que não ficou magoado com a decisão da diretoria. O volante falou ainda sobre a relação com a torcida, da qual foi vítima de preconceito de alguns integrantes, e se disse feliz por ter conquistado pelo menos 99,9% dela.

O jogador disputou 244 partidas pelo clube e marcou 12 gols.

Confira abaixo trechos da última entrevista coletiva de Richarlyson pelo São Paulo

Relação com a torcida
É complicado falar sobre a torcida. É um momento muito especial para mim, nunca pensei em passar tudo aquilo que a gente passou dentro do clube, por toda história. Mas futebol é assim, é dinâmico, apaixonante, verdadeiro, real. Nem sempre a gente consegue agradar a todos. Mas fico muito feliz porque agradei a grande maioria. Fico feliz por sair na rua e os torcedores pedirem para eu continuar. Os verdadeiros pediram para eu continuar. Aí entra na questão que não depende só de mim, depende de muitas coisas que não estão ao meu alcance, depende de presidente, diretoria. Mas estou feliz como um todo, por dar essa entrevista vitoriosa dentro do São Paulo. Foram muitas conquistas, coletivas, individuais, amigos, muita coisa boa. É tão banal falar de coisas fúteis. Para mim, a pequena parcela de torcedores que não conquistei vai passar como uma nuvem que passa no céu num dia chuvoso, o que vai ficar é o dia de sol. Isso vai ficar marcado: o profissionalismo. Fico triste por não ter conquistado 100% da torcida, mas feliz por ter conquistado 99,9% dela.

Sai contra a vontade?
Há muitas coisas que envolvem uma contratação. Envolve diretoria, presidência, conversa com meu empresário, minha família, muita coisa. (Neste momento, Zé Vitor, Carleto, Bruno Uvini, Lucas, Lucas Gaúcho, Alfredo, Jorge Wagner e Wellington "invadem" a coletiva e o abraçam. Richarlyson chora e, depois de um tempo, prossegue). É por isso que, muitas vezes, minha vontade não é posta na mesa, por essas pessoas e outras pessoas que queriam que eu continuasse. É muito difícil estar se despedindo depois de cinco anos, onde conquistei as maiores vitórias. Muito difícil para mim. Futebol a gente nunca conquista tudo que a gente quer, porque tem pessoas que não estão no mesmo caminho, pessoas que não estão no mesmo rumo. Temos de seguir nosso rumo. Recordo do que Rogério Ceni sempre diz, que, quando a gente conquista um título, pode passar anos e anos, mas fica minha foto. Todos vão ver. É difícil, é contra minha vontade? É! Queria permanecer, tenho uma identificação muito grande. (Neste momento, Cleber Santana e Alex Silva chegam, se juntam aos companheiros e cantam a música "Amizade", do grupo Fundo de Quintal).

Destino é o Fluminense?
Não, ainda não tem nada decidido.

Argumento da diretoria
Entendo. A justificativa foi que, na nova filosofia de trabalho, eles vão privilegiar a base. E até por não ter alcançado o objetivo maior, a Libertadores, ou um título de expressão, entendo que a diretoria queira trazer meninos novos da base. Conversei com o Juvenal várias vezes, falei que gostaria de continuar, mesmo se fosse uma coisa diferente da minha vontade em termos financeiros. Mas a filosofia é diferente e a gente tem de aceitar. Futebol é assim. O mais importante é que saio pela porta da frente.

Pensa em voltar ao São Paulo?
Até ficaria lisonjeado de voltar. Mas a gente sabe que futebol é momento, eu posso dar um até logo ou posso dar um adeus, e daqui a três anos vocês me verem dando entrevista como jogador do São Paulo. Gosto de viver o momento, que é dificil, de felicidade, com mix de tristeza. Passa muita coisa na cabeça, pessoas importantes, muitas coisas legais. Tenho de lembrar que foram cinco anos e meio aqui dentro, em que conquistei muita coisa. Fora do profissional, conquistei muitos amigos, muitos. Não é só os que tiveram dentro de campo. Vocês precisam conhecer o presidente Juvenal Juvêncio como ser humano. Até brinco com meu pai e falo que ganhei mais um pai. O que esse cara fez por mim aqui dentro, e não preciso falar, porque ele sabe da minha gratidão. O que eu poderia ter feito para agradecer não só ele, como o saudoso Marcelo Portugal Gouvêia, é brilhante e fascinante, coisa de pai para filho. Não é só coisa de atleta para presidente, e é isso que vou sentir muita falta. Por isso que eu falava que queria encerrar no São Paulo, porque tenho alegria de trabalhar aqui. E sei que isso vai me fazer falta, talvez em outro clube que eu vá, eu não tenha essa liberdade, de conversar com todo mundo, de ser o que fui aqui dentro. Só tenho a agradecer, as pessoas que merecem, lógico que se eu citar aqui, posso esquecer de alguém, mas as pessoas sabem. Chegou o momento de dizer adeus, até logo, não sei. Passa um filme na minha cabeça e queria agradecer a tudo isso.

Após a entrevista, o superintendente de futebol Marco Aurélio Cunha pegou a palavra e fez um discurso de agradecimento ao volante.

Confira

"Gostaria de deixar uma mensagem para o Richarlyson. Em 1990, também deixei o São Paulo, não com a grandeza do Richarlyson, mas voltei em 2000 para reconstruir uma história. Você fará falta para a gente, é parte de nós, você fará muito sucesso em qualquer lugar, fará muitos amigos lá fora também. Você vai estar sempre conosco. Eu queria agradecer tudo que você fez pelo São Paulo, nós estaremos juntos. (os dois se abraçam e choram).

Fonte: Terra

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