Jovens usam Viagra e similares por diversão

Gazeta do Povo

Um gesto feito pelo cliente da porta da farmácia e a frase “eu quero aquele genérico” já fazem com que o farmacêutico Fabiano Trombini entenda o recado: o cliente veio procurar a chamada “pílula azul” – sildenafila, tadalafila, vardenafila ou lodenafila, substâncias utilizadas para tratamento da disfunção erétil. Por trás da permanência desses remédios no ranking dos mais vendidos no país, tanto no mercado formal quanto no informal, estão homens jovens que não precisam do medicamento, mas tomam por diversão.

Apesar de o índice de homens com algum grau de disfunção erétil no país ser considerado alto – cerca de 45%, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) –, não são os pacientes que necessitam de tratamento que buscam pelo me­­­dicamento. As farmácias vendem esses remédios sem pedir receita médica, uma exigência da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Homens tomam pílula por insegurança
É no fim de semana que jovens como Pedro e José (nomes fictícios), ambos de 29 anos, costumam fazer uso de substâncias indicadas para quem tem disfunção erétil, embora nenhum dos dois afirme ter o problema.

José Luiz Portela, atendente em uma farmácia no bairro Água Verde, em Curitiba, conta que a venda desse tipo de remédio aumenta a partir das quintas-feiras, para consumo no fim de semana. “Quem mais vem é jovem, de 25 a 35 anos. Idosos costumam aparecer raramente”, diz.

Os remédios mais procurados são o Viagra, o Cialis e o genérico, liberado em junho do ano passado, após quebra da patente que barateou a substância em 50%. “Só quinta e sexta vendo para pelo menos 20 pessoas”, conta Portela.

De acordo com o urologista do Hospital de Clínicas da UFPR Fer­­nando Lorenzini dor de cabeça é o efeito colateral mais recorrente quando se faz uso desse tipo de me­­­dicamento, independentemente da idade ou se a pessoa tem, de fato, disfunção erétil. Isso acontece porque as substâncias são vasodilatadoras. “Congestão nasal, tontura e sensação de calor na face são outros sintomas. É uma reclamação comum dos pacientes, e atinge de 10% a 20% de quem utiliza.”

Segundo o presidente da SBU, Modesto Jacobino, o perigo de tomar as substâncias somente para melhorar o desempenho sexual é que ainda se sabe pouco sobre os prejuízos em longo prazo. “Não sabemos qual pode ser o efeito físico.” Entretanto, acredita que há mais perigo de uma dependência psicológica por parte dos jovens.

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