Braskem: moradores abandonaram casas

Um grupo de moradores que estava na Praça Pingo D’água relatou de que forma tudo aconteceu e o tumulto gerado pelo vazamento de cloro.

Alagoas24HorasJunior Barbosa denunciou situação no bairro

Junior Barbosa denunciou situação no bairro

A explosão e vazamento de cloro ocorridos na Braskem, na noite deste sábado, 21, que deixou cerca de 130 pessoas intoxicadas, deverá render uma série de desdobramentos, pelo menos no que depender dos moradores da região atingida. O IMA havia informado que a ocorrência de ventos no quadrante sul provocou a disseminação da substância tóxica na região que compreende o Prado, o conjunto Virgem dos Pobres II, Ouricuri, Ponta Grossa, Pontal e o Trapiche, onde a população foi mais atingida.

Na manhã deste domingo, 22, o Alagoas24Horas foi até o bairro do Trapiche para saber em que condições o local se encontra mais de 10 horas após o ocorrido. Um grupo de moradores que estava na Praça Pingo D’água relatou de que forma tudo aconteceu e o tumulto gerado pelo vazamento de cloro, em contrapartida às declarações divulgadas pela assessoria de imprensa da Braskem que sugeriu que “o grande número de atendimentos se deu devido ao estado emocional dos moradores”.

Para Junior Barbosa, um dos líderes da comunidade, as declarações da empresa foram infelizes e irresponsáveis. “Nós ouvimos a primeira explosão e ficamos assustados. Não demorou cinco minutos para que o cheiro forte se espalhasse. Ao contrário do que foi dito, as pessoas não inventaram, começaram a passar mal de verdade, vomitando, com ardência nos olhos e garganta, tosse, falta de ar, e uma senhora até desmaiou na rua. Então ouvimos um barulho menor e a fumaça continuou mais forte”, relatou Barbosa.

Ele conta que um grupo de moradores reuniu os carros na praça e começou a retirar idosos e crianças das casas e levá-las para outros locais, casas de parentes e amigos mais distantes. "O tumulto e a correria era grande, principalmente porque as pessoas abandonaram suas casas e correram para buscar socorro na rua. O Corpo de Bombeiros apareceu logo após e realizou diversos atendimentos ao mesmo tempo. Nossa sorte foi que o proprietário da empresa Veleiro, disponibilizou um ônibus para fazer o transporte das vítimas até o hospital”, conta.

Os moradores confirmaram que apenas 20 minutos após o início do vazamento a Braskem acionou a sirene para alertar aos moradores. “Uma coisa que queremos denunciar. Nunca fizeram simulação de acidentes com os moradores do Trapiche. Eles sempre fazem no Pontal, como se não estivéssemos tão próximos deles. Quando acontece um acidente desses eles tentam sanar o problema e somente se não conseguirem alertam a população. O problema é que até conseguirem sanar a população já foi prejudicada”, denunciam os moradores.

Até o momento a Braskem não procurou os moradores nem realizou o monitoramente que havia informado em nota oficial à imprensa. “Quando eles resolverem procurar os moradores vão falar apenas com representantes de uma associação fictícia que montaram aqui. Um grupo que se elegeu às escuras sem o apoio da comunidade. Eles vão dizer que está tudo certo. Enquanto isso, 30 pessoas estão internas e outras continuam com sintomas da intoxicação”, criticou Junior Barbosa, que é morador do local há 35 anos.
Os moradores estão preparando um protesto com direito à bloqueio de avenidas na próxima semana. Eles querem chamar a atenção das autoridades para o problema ocorrido ontem e demais problemas do bairro, como falta de sinalização de trânsito, recolhimento de lixo, limpeza de galerias que está provocando inundações no local.

Os moradores denunciam ainda que apesar de não ser considerado vazamento, o cheiro de cloro emitido pela empresa todos os dias tem causado problemas de saúde aos moradores. “Nós inalamos esses produtos e vivemos de boca seca, pele e garganta. Com tosse e outros problemas respiratórios, basta passar aqui, principalmente à noite para sentir”, disse outro morador que acompanhava a entrevista.

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