Para contornar a fiscalização, o tráfico vem recorrendo a técnicas cada vez mais ousadas de transporte de entorpecentes. Nesta sexta-feira (3), a Polícia Federal apresentou mais uma modalidade utilizada pelos criminosos no eixo de distribuição de drogas entre São Paulo e Pernambuco: o uso de “caminhões cegonha” com carros contendo pasta base de cocaína no interior de sua estrutura. A ação chama a atenção ainda pela riqueza de detalhes, como o uso de pimenta vermelha como forma de evitar a detecção do entorpecente por cães farejadores. Ao todo, 8,1 kg de pasta base de cocaína foram apreendidos, o suficiente para movimentar R$ 1,2 milhão pelo tráfico, e um homem acabou preso.
O crime foi registrado no final da tarde de ontem, numa transportadora do bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, quando o motorista paulista, morador do bairro do Ibura, no Recife, José Wellington Vieira da Costa, de 43 anos, se preparava para retirar o veículo, um Ford Fiesta preto, com placas EMO-9599, de São Paulo. Interrogado, o suspeito afirmou que receberia R$ 100 para realizar o transporte do veículo, encomendado por telefone celular, por um cliente desconhecido. Além disso, ele alegou não saber que transportava drogas e que chegou ao local em um ônibus. “Testemunhas afirmaram que ele chegou ao local, junto a outros dois homens, em um táxi, mas ele nem confirma, nem revelou a identidade deles. A mentira nos levou a crer que ele saberia do esquema de tráfico”, revela o chefe de comunicação da PF, Giovani Santoro.
De acordo com a polícia, a informação partiu de uma investigação, que já dura dois meses, da Policia Federal de São Paulo. A.droga, originária da Bolívia, estava escondida por trás do painel frontal do carro, no compartimento do ar condicionado, em tabletes com pouco mais de 1kg. As embalagens estavam envolvidas com pimentas vermelhas, com o objetivo de utilizar o forte cheiro para evitar a localização da droga por cães especializados. “Outras substâncias como o pó de café também dificultam o uso de cachorros, mas as buscas, como nesse caso, também são minuciosamente realizadas pelos próprios agentes”, explica Santoro.
José Wellington Vieira da Costa foi autuado pelo crime de tráfico de entorpecentes interestadual e pode ser condenado a penas que variam de 5 a 15 anos de reclusão. O suspeito se encontra no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna, o Cotel. De acordo com as investigações, a transportadora responsável pelo transporte não teve participação no crime e, por isso, não sofrerá nenhum tipo de sanção pelo transporte. A droga apreendida seria suficiente para produzir um total de 32kg de crack, o que corresponde a um total de 128 mil pedras da droga
