Desamparada e abandonada, são os adjetivos que a população do bairro Village Campestre II, em Maceió, usam para manifestar como se sentem. Desde o último domingo (30), o terminal de parada do coletivo, no bairro, já precário, foi cercado pelo proprietário que culpa a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) de não querer pagar o aluguel do terreno, que vinha sendo utilizado há mais de 17 anos.
Segundo o proprietário do terreno, que servia como parada dos ônibus Village Campestre II/Ponta Verde, Farol e Trapiche, Salomão Carlos, por várias vezes a SMTT foi acionada para uma negociação, mas não houve resposta alguma, muito menos uma reunião com o superintendente. De acordo com ele, devido à utilização indevida do terreno, ele ficou impedido de fazer algum investimento no local.
“Pagamos IPTU, fazemos limpeza no terreno para a SMTT usar, porém, estamos no prejuízo e não conseguimos chegar a uma negociação. A única alternativa que encontramos foi cercar o local e deixar que a SMTT se manifeste”, desabafou Carlos, alegando que está aberto ao diálogo com a superintendência.
Devido ao problema, a SMTT transferiu nesta segunda-feira, 31, o terminal para as proximidades da Vila Olímpica, no próprio bairro, mas segundo Francisco de Assis, agente fiscalizador da SMTT, a população ameaçou quebrar os ônibus caso isso acontecesse.
“Na manhã de ontem, o terreno já amanheceu cercado. Para tentar solucionar o problema uma pessoa responsável da SMTT esteve aqui e conversou com o líder comunitário do bairro e amenizou a situação, pois os motoristas trabalharam apreensivos”, enfatizou Francisco.
A reportagem do Alagoas24horas conversou com Fernando José, líder comunitário. Segundo ele, a SMTT vem utilizando o terreno “alheio” há mais de 17 anos, sem qualquer comprometimento financeiro.
“Agora isso não aceitamos, o proprietário do terreno tendo prejuízo financeiro e a população desamparada. Se deslocarem o terminal para a Vila Olímpica vai ter zoada”, contestou Fernando, relatando que uma reunião foi marcada para a próxima quinta-feira (3) com a superintendência.
Revoltada, a população denuncia que o número de ônibus destinados a atender a comunidade é insuficiente e segundo Silvana da Silva, dona de casa, para se deslocar para algumas partes da cidade é necessário estar no terminal às 5h, caso contrário o passageiro se deslocará a pé.
Abandono
A população do bairro também denuncia o abandono por parte da Prefeitura de Maceió. Bem ao lado de um açougue, panificação e avícolas, um esgoto corre a céu aberto, expondo fezes e trazendo doenças para a comunidade.
Segundo Milton Alves, há cerca de quatro meses o prefeito de Maceió, Cícero Almeida, e o secretário de Infraestrutura do município, Mozart Amaral, estiveram no bairro e assinaram uma ordem de serviço para sanear o bairro. Só que até a presente data nada foi modificado e nenhuma explicação foi dada à população.
“Estamos deste jeito, abandonados e sem nenhum amparo do poder público. Agora, dejetos humanos expostos, uma fedentina e perto de locais onde são vendidos alimentos. Ainda mais alimentos que requerem maior condição de higiene, mas infelizmente temos que conviver deste jeito”, concluiu Milton Alves.