Bancada Feminina da Câmara homenageia Ceci Cunha

Patrícia Andrade/AscomA reunião da Bancada Feminina da Câmara prestou homenagem a Ex-Deputada Federal Ceci Cunha.

A reunião da Bancada Feminina da Câmara prestou homenagem a Ex-Deputada Federal Ceci Cunha.

A Deputada Célia Rocha-PTB/AL falou sobre sua convivência com a saudosa e guerreira Ceci Cunha. “Amiga inesquecível, pessoinha batalhadora, digna, humana, dedicada e que deixava qualquer coisa em favor dos alagoanos”. A Deputada relembrou como sua amiga fora morta brutalmente, e apesar de não ter tido coragem de ver seu corpo, sabia e imagina como ficara porque as pessoas lhe contavam, preferiu guardar na lembrança e saudade as imagens de uma mulher que não se intimidava por nada, ao defender seu povo.

Diversas homenagens foram prestadas pelas deputadas que participaram da solenidade: Marinha Raupp, Rosane Ferreira, Janete Pietá, Rosinha da Adefal, Elcione Barbalho, Cida Borghett, Jandira Feghali e Carmem Zanotto.

Todas as parlamentares fizeram questão de reforçar a necessidade, mais uma vez, de se unirem e mostrar as falhas que existe na Legislação Brasileira, “pois é inacreditável como a impunidade existe no Brasil” disse. Há exatos 13 anos, o processo de condenação dos réus passeia pelo judiciário e, somente agora o caso da chacina da ex-deputada federal deverá ser julgado e sentenciado, de fato. A Audiência com o Juri Popular está marcada para o dia 16/01/2012.

Outra grande parceira para a mobilização, que deve acontecer pelos próximos dias até o julgamento dos acusados foi a da Ministra Luzia Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), ela se propôs a mobilizar o maior número de pessoas a estarem presentes no dia do julgamento.

Os filhos de Ceci, Adriana Cunha Calado e Rodrigo Cunha participaram da solenidade. Agradeceram a participação das Deputadas e disseram acreditar que “Mesmo depois de tanto tempo acreditamos que justiça se pronunciará favorável à condenação daqueles que por motivos banais tentaram destruir suas vidas, ao matar seus pais e outros dois familiares que estavam juntos”.

Um pouco da história de Ceci Cunha:

Ceci nasceu de uma família agricultores, composta por nove filhos, que lhe transmitiu valores cristãos e morais. Aprendeu desde cedo que, o que importava não era o tamanho da dificuldade e sim a forma como as enfrentava. Apesar de ter tido uma infância cheia de dificuldades conseguiu com esforço e dedicação se formar médica e professora.

A necessidade de cortar palma quando criança deixou-lhe cicatrizes permanentes na mão. Criada para ser dona de casa, sua mãe a proibia de estudar, por considerar que isto seria perda de tempo. Por isso, Ceci esperava a mãe dormir para poder estudar, demonstrando desde cedo uma de suas principais características: que nada a afastava de seus sonhos e objetivos.

Porém, seus sonhos e objetivos não eram possíveis de serem concretizados no sofrido agreste alagoano: ser médica, professora e, com isso, ajudar as pessoas. Era algo difícil de atingir, já que teve que cursar a terceira série do primário por três vezes seguidas, pois a escola onde estudava não possuía quarta série. Conseguindo convencer sua mãe da importância do estudo. Ceci conseguiu mudar-se para Maceió para estudar, morando na casa de amigos de seu pai. Entre 1970 e 1975 foi professora dos Colégios Élio Lemos, Sagrada Família e Batista Alagoano.

Após concluir seus estudos, Ceci ingressou no curso de Medicina da UFAL, vindo a se formar em 1975 e, em 1977 especializou-se na área de ginecologia e obstetrícia no Hospital Souza Aguiar, Rio de Janeiro, mesma cidade onde se casou com Juvenal, seu eterno companheiro, a quem sempre demonstrou seu enorme amor e com quem constituiu família, composta por dois filhos: Adriana e Rodrigo.

Ao retornar a Alagoas em 1978, Ceci foi exercer sua profissão de médica na cidade de Arapiraca, passando a ser imediatamente reconhecida como uma profissional competente, dedicada, cuidadosa e atenciosa, tanto que de suas relações médico-pacientes surgiram compadres e amigos.

Devido ao seu carisma e atenção ao próximo, sua popularidade foi crescendo, passando a ser muito requisitada a concorrer ao cargo de Vereadora e assim ajudar ainda mais o povo arapiraquense. Desafio este que foi aceito em 1988, quando se candidatou ao cargo de Vereadora de Arapiraca, sendo a mais votada naquela eleição. Apesar de ser seu primeiro mandato político, Ceci o desempenhou de forma exemplar, dedicando-se principalmente à área de saúde e educação.

Devido aos trabalhos prestados, foi reeleita vereadora em 1992, mas exerceu o mandato por apenas dois anos, pois em 1994, após aceitar um novo desafio, foi eleita a primeira Deputada Federal de Alagoas, passando então a defender não só os interesse do Município de Arapiraca, mas também os de todo o povo do Estado de Alagoas. Seu currículo pode ser encontrado no site da Câmara dos Deputados.

Seu mandato ficou marcado principalmente por projetos que viabilizaram a construção de adultoras, moradias populares e escolas em diversos municípios alagoanos. Este trabalho foi reconhecido pelos alagoanos na eleição de 1998, quando foi reeleita Deputada Federal com mais de 55.000 votos, sendo um dos candidatos mais votados. Isto despertou a inveja de quem não se conformou com a derrota e precisava de um mandato político para se proteger no manto da impunidade.

Foi quando em 16 de dezembro de 1998, após ter sido diplomada para continuar seu trabalho a favor dos alagoanos por mais quatro anos, Ceci foi brutalmente assassinada, juntamente com seu marido Juvenal Cunha, seu cunhado Iran Carlos Maranhão e Ítala Maranhão, mãe de Iran, quando foi visitar sua irmã que havia acabado de dar à luz ao seu primeiro filho.

Todos tiveram a vida ceifada de forma extremamente covarde, pois foram emboscados quando sentados na varanda da casa, deixando o convívio de seus familiares e amigos de forma desmotivada e injusta. Ceci estava de costas e morreu segurando uma flor branca que havia ganhado. Sua morte interrompeu uma vida de trabalho ao próximo e de benefícios incalculáveis a todo o Estado de Alagoas. Seu enterro contava com mais de 50 mil pessoas desoladas e chocadas com a brutalidade do crime. Sua morte foi notícia nacional e internacional.

Fonte: Patrícia Andrade/Ascom

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