MPF denuncia ex-prefeito por desvio de verbas

O Ministério Público Federal em Alagoas denunciou, no último dia 9, o ex-prefeito de Palestina, Antônio José da Silva, por desvio de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O ex-prefeito e sua ex-mulher, Maria Petrolina dos Anjos Correia, são acusados de utilizar indevidamente verbas federais destinadas às escolas e à merenda escolar durante os quatro anos de mandato do então prefeito do município (de 1997 a 2000) e também de falsificar notas fiscais.

Segundo a denúncia, oferecida à Justiça Federal pelo procurador da República José Godoy Bezerra de Souza, o prejuízo aos cofre públicos soma R$ 150 mil, em valores da época. O prefeito utilizou notas fiscais falsas para ter as contas aprovadas pela Câmara Municipal de Vereadores, mas investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Estadual, no entanto, mostraram irregularidades nos documentos, como assinaturas forjadas e emissão de notas fiscais por empresas que já tinham sido fechadas.

Um dos convênios assinados com o FNDE, do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), previa que a execução do mesmo seria feita por entidades vinculadas às escolas, representadas pelas diretoras das unidades. No entanto, o ex-prefeito Antônio José da Silva obrigou as mesmas a assinarem cheques em branco para a prefeitura, que passou a administrar os recursos. As denúncias partiram de uma ex-presidente da unidade executora de uma das escolas do município.

Segundo comprova a investigação, o próprio prefeito recebia os materiais e produtos destinados à merenda escolar sem permitir a devida conferência. Em depoimento à Polícia Federal, a responsável por uma das escolas, Roseane Lisboa, confirmou uma diferença entre uma remessa de 200 cadernos recebidos de fato e os mil exemplares que constavam na nota fiscal. Em outra nota, um ex-motorista aparece como sendo sócio de uma das empresas que teria fornecido material para a prefeitura.

Já em outro caso, consta a venda de arroz e açúcar para a prefeitura na nota fiscal de uma loja de material escolar e de escritório. Entre as empresas que forneciam material para as escolas de Palestina, consta até mesmo uma de produtos veterinários e agropecuários. Os endereços das empresas, informados nos documentos falsos, são, na verdade, de residências. Perícias feitas nos documentos mostram ainda que notas de empresas de cidades e estados diferentes tinham sido preenchidas pela mesma pessoa, o que evidenciou a fraude.

Pelo que mostram investigações, as irregularidades eram de conhecimento da população e até mesmo de agentes públicos. Um vereador do município, que tinha filhos em escolas municipais, confirmou a deficiência no fornecimento da merenda escolar, e até mesmo a sua interrupção. A ex-secretária de administração do município, Sandra da Silva Lisboa, também confirma que embora o convênio com o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) tivesse sido assinado desde 1997, a merenda só começou a chegar às escolas de Palestina um ano depois.

Todo o esquema de desvio de verbas tinha a participação da ex-mulher do prefeito, Maria Petrolina dos Anjos Correia. Valendo-se de uma função que exercia no Banco do Brasil, ela teria informações privilegiadas sobre as verbas que chegavam às contas das escolas. Era responsável também por emitir os talões de cheques, a serem assinados pelas diretoras da escolas, que eram serviam para repassar os recursos à prefeitura de Palestina.

De acordo com a denúncia do procurador da República José Godoy Bezerra de Souza, o ex-prefeito e sua ex-mulher responderão por Crime de Responsabilidade, com base no Decreto-Lei 201/67 e de Falsidade Material, previsto no artigo 298 do Código Penal.

Perfil

Palestina, localizada no Sertão alagoano, a 234 km de Maceió – é um dos municípios mais pobres do País, e na época das fraudes tinha uma taxa mortalidade infantil de 68,4 por mil nascidos vivos, segundo dados de 2000 do Atlas de Desenvolvimento Humano. No mesmo período, 37,4% das crianças e adolescentes entre sete e 14 anos eram analfabetas e 92,9% dos jovens entre 15 e 17 tinham menos de 8 anos de estudo. A água encanada chegava apenas à metade da população, de cerca de 5 mil habitantes, na mesma época em que teriam ocorrido as irregularidades.

Fonte: Assessoria/MPF

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