Dias parados não prejudicam a economia

Empresários e economistas costumam se queixar do excesso de feriados previstos no calendário brasileiro. A avaliação é que em dias parados a indústria não produz, grande parte do comércio está fechada, os trabalhadores ficam em casa e o dinheiro circula menos.

Mas diferente das datas de descanso, os dias parados por causa do feriado de carnaval são fundamentais para as economias de algumas capitais (Rio de Janeiro, Salvador e Recife) e cidades do interior (como as do circuito histórico de Minas Gerais ou da Zona da Mata de Pernambuco) e de setores informais, como o do comércio ambulante.

Segundo o economista Luiz Henrique Romani, da diretoria de Pesquisas Sociais da Fundação Joaquim Nabuco, em lugares que há carnaval aumenta o giro da renda da população. Turistas trazem dinheiro e os moradores das cidades gastam mais.

“Cada real que o turista traz, faz girar dois reais na economia local. As pessoas do próprio lugar adotam um comportamento diferenciado e consomem mais bebidas e alimentos”, diz o economista que ainda aponta efeitos redistributivos da festa de momo.: “É como se o coração da economia batesse mais rápido e o sangue chegasse melhor nos vasos do final da circulação [capilares]”.

“Os gastos com alimentação e bebidas fazem com que a renda se espraie para estratos inferiores. Os pobres acabam se beneficiando da festa”, acredita Luiz Henrique Romani que cita o comércio de ambulantes, os contatos temporários em hotéis e restaurantes e até os taxistas que arrendam o carro para ganhar com o movimento de 24 horas do carnaval.

Para a antropóloga Maria Laura Cavalcanti, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, não se pode negar que o carnaval movimenta o comércio. “O carnaval e um processo cultural sofisticado, cheio de articulações importantes para a vida da cidade. O evento movimenta a cidade subterraneamente praticamente o ano inteiro”, disse

A antropóloga estima que só nos dias de desfile das escolas de samba do grupo especial no sambódromo do Rio de Janeiro cerca de 200 mil pessoas participam e mais de R$ 80 milhoes sejam arrecadados apenas com a venda de ingressos.

Ate mesmo onde há pouca tradição carnavalesca, como Brasilia, a festa pode fazer girar a economia. Segundo Moacyr Oliveira Filho, presidente da maior escola de samba do Distrito Federal – a Aruc (Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro), cerca de 200 pessoas trabalham como artesãos, costureiros, serralheiros e escultores no barracão da escola. “Nos não estamos mais num estágio amador. O carnaval já gera empregos”, afirmou o presidente da Aruc.

Fonte: Radiobrás

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