ALE comemora 170 anos de Tavares Bastos

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Tavares Bastos

Nesta segunda-feira, 20, a Assembleia Legislativa de Alagoas comemora os 170 anos de nascimento de seu patrono: Aureliano Cândido Tavares Bastos. Antes de tudo um visionário, Tavares Bastos era advogado, jornalista, político e publicista. Nascido em Marechal Deodoro, em 20 de abril de 1839, foi eleito deputado geral por Alagoas em três legislaturas, 1861-1863, 1864-1866 e 1867-1870, sendo na primeira vez, aos 22 anos de idade, o mais jovem deputado do Parlamento. Ele morreu aos 36 anos de idade, em Nice, na França, no dia 3 de dezembro de 1875.

A escolha do nome de Tavares Bastos para patrono da Assembléia Legislativa foi do então deputado Oseas Cardoso, que no dia 3 de dezembro de 1951 apresentou projeto de resolução nesse sentido. Em 24 de março de 1952, o projeto de resolução nº 19 foi levado à aprovação do plenário e promulgado pelo então presidente do Legislativo alagoano, deputado Augusto Machado.

De acordo com o atual presidente da Casa, deputado Fernando Toledo (PSDB) não é sem propósito que Tavares Bastos foi escolhido para patrono do Poder Legislativo de Alagoas, uma vez que se trata de um homem que possui um currículo vasto. “Ele, que naquela época, já tinha uma ideia revolucionária com relação ao modelo de se governar. Era um homem que tinha uma visão republicana muito forte”, disse Toledo, informando que a Casa está reeditando o livro que conta a história de Tavares Bastos. O livro está em fase de realização e deve ser lançado na próxima semana.

“Para termos a vida de Tavares Bastos mais conhecida da comunidade da alagoana, para que veja o alcance, o arrojo, a experiência, a visão futurista que ele tinha com relação ao mundo político e ao modelo político que anos mais tarde foi implantado no Brasil”, destacou o chefe do Legislativo.

Para o deputado Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT), Tavares Bastos foi um homem acima de seu tempo. “Ele conseguiu representar Alagoas lá fora, na França e sabia da importância dos Poderes. Defendia os ideais da Revolução Francesa, num estado altamente conservador como era Alagoas na sua época. Tinha uma visão cosmopolita, contrária à escravidão; morreu muito jovem, mas viveu intensamente e interagiu com a sociedade e a intelectualidade”, disse o deputado, lembrando que a Casa homenageou Tavares Bastos com colocando o busto dele nas dependências do prédio-sede do Poder.

“Um homem que dignifica o estado de Alagoas”, assim resumiu o deputado Sergio Toledo ao se referir ao patrono da Assembleia Legislativa. Para Toledo, a Casa fez uma justa homenagem ao colocar Tavares Bastos como seu patrono. “Tavares Bastos foi um grande homem. É uma pessoa que temos como referência pela posição que ocupou e que significou para o estado de Alagoas”, avalia o parlamentar. “Para mim, dizer especificamente com palavras o que ele foi seria tão pequeno diante do grande homem que foi Tavares Bastos, que a gente procura resumir da seguinte forma: foi um homem que dignifica o estado de Alagoas”, completa Toledo.

O deputado Hildon Fidélis, o Catelo (PTB), a homenagem que está sendo feita a Tavares Bastos é de uma importância muito grande, dada a relevância de sua atuação no mundo político, não só no Estado como também nacional e internacionalmente. “Isso tem que ser realmente comemorado. Para lembrar como foi sua atuação, não só como um deputado alagoano, mas também como advogado, jornalista e escritor que foi. Tavares Bastos teve a preocupação de mostrar ao mundo que sua terra tem homens inteligentes”, destacou Castelo, ressaltando que a memória de Tavares Bastos deve ser sempre reverenciada, pois sua história não pode morrer.

Para o professor e pesquisador de História e folclore José Maria Tenório Rocha, um dos autores da coleção “Memórias Legislativas: Vultos do passado, referência para as gerações presentes e futuras”, publicada pela Assembléia Legislativa de Alagoas em 1997, Tavares Bastos foi um grande estadista que se preocupou com as questões futuras. “Lamentável é o seu pouco reconhecimento pelos alagoanos; não fora a Assembléia Legislativa Estadual o ter tomado como patrono, talvez nem se ouvisse falar em tão alta personalidade, pois, em Maceió, apenas uma rua sem saída possui seu glorioso nome”, afirmou José Maria Tenório.

História

Aureliano Cândido Tavares Bastos, advogado, jornalista e político, nasceu na Cidade das Alagoas, hoje Marechal Deodoro, em 20 de abril de 1839, ha exatamente 168 anos. Filho do bacharel José Tavares Bastos e de Rosa Cândida de Araújo, é o patrono da Assembléia Legislativa de Alagoas.

Fez os primeiros estudos com o pai, latinista e professor de filosofia, e concluiu os preparatórios em Olinda. Matriculou-se na Academia de Direito, em 1854, ano em que a antiga Faculdade de Olinda se transferiu para o Recife. No ano seguinte, acompanhou o pai, que fora nomeado presidente da província de São Paulo, e matriculou-se na Faculdade de Direito.

Lá participa ativamente das sociedades acadêmicas e colabora em revistas literárias e filosóficas, fazendo de Hegel o seu pensador predileto em matéria de estética. Recebeu o grau de Doutor em Direito em 1859; logo em seguida, passou a residir no Rio de Janeiro, onde foi nomeado oficial de secretaria da Marinha, tendo sido exonerado do cargo em 1861, em represália contra o discurso que proferiu sobre os negócios da Marinha.

Foi eleito deputado geral por Alagoas em três legislaturas, 1861-1863, 1864-1866 e 1867-1870, sendo na primeira vez, aos 22 anos de idade, o mais jovem deputado do Parlamento, eleito juntamente com José de Alencar, João Alfredo e José Bonifácio, entre outros. Sua carreira política foi marcada pela preocupação com as questões sociais e econômicas do seu tempo, sobretudo a escravidão, a imigração, a livre navegação do Amazonas, a educação, a questão religiosa. Tratava desses problemas nas cartas que passou a publicar sob o pseudônimo de "O Solitário", no Correio Mercantil, de Francisco Otaviano, material que foi reunido no volume “Cartas do Solitário”, publicado em 1862.

No Parlamento, predominavam as discussões relativas à liberdade religiosa e à separação entre a Igreja e o Estado, à imigração e à reforma eleitoral e parlamentar. A ele é atribuído o panfleto “Exposição dos verdadeiros motivos sobre que se baseia a liberdade religiosa e a separação entre a Igreja e o Estado”, que apareceu em 1866, sob o pseudônimo de Melásporo. Em 1867, Tavares Bastos publica “Reflexões sobre a imigração”, faz oposição ao Gabinete Zacarias, deixando de ser deputado ao dissolver-se a Câmara em 18 de julho de 1868. Bastos passa, então, a dirigir o Diário do Povo, com Lafayette Rodrigues Pereira, e colabora com o jornal “A Reforma”, do recém-fundado Clube da Reforma (1869). Em 1870, publica “A Província”, o seu livro mais importante e conhecido.

É nesse livro que ele se dedica a uma das suas idéias fundamentais: a da descentralização ou da federalização do Brasil, dando certa autonomia às províncias e acabando com o centralismo unitarista imperial, que as sufocava e lhes negava praticamente qualquer iniciativa.

Na cidade de Nice, na França, comemorava o aniversário da filha, em 26 de novembro de 1875. Dias depois, em 3 de dezembro, viria a falecer. Seu corpo foi embalsamado e trazido para o Rio de Janeiro em 30 de abril de 1876, a bordo do navio Henri IV. O sepultamento aconteceu no cemitério São João Batista, em 2 de maio.

Fonte: ALE

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