Debate relembra morte de escritora alagoana

A vida e a obra da escritora alagoana Heliônia Ceres será discutida em um seminário promovido pelo Centro de Estudos Superiores de Maceió (Cesmac) para relembrar os dez anos de sua morte. O evento – programado para os dias 28 e 29 de abril, às 18h30, no auditório da Faculdade de Educação e Comunicação (Fecom) – prevê a realização de duas mesas-redondas.

A primeira delas, programada para amanhã, aborda a Atuação e Autoria Feminina em Alagoas, com a participação da professora mestra Maria Aparecida de Oliveira, do Cesmac, e da professora doutora Izabel de Fátima Brandão, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Na quarta-feira, o tema a ser refletido é a Ironia nos Contos de Heliônia Ceres, pelo professor doutor Roberto Sarmento Lima, pesquisador da UFAL.

Heliônia Ceres foi professora, jornalista, pesquisadora, escritora e militante da causa feminista. Ela presidiu a Associação Alagoana Pró-Mulher e foi vice-presidente da Federação Alagoana pelo Progresso Feminino. Formada em Letras Neolatinas, pela Faculdade de Filosofia do Recife, publicou seu primeiro livro aos 40 anos, em 1967. Trata-se de Contos 1, o primeiro título de uma fecunda obra que reúne textos de teatro, biografias, poemas, crônicas e romances. Contudo, o gênero mais apreciado pela autora foi o conto cujo estilo é marcado pela narrativa fantástica, sensorial e repleta de subjetividade.

Mas foi nas décadas 70 e 80 o período em que Heliônia Ceres publicou seus livros mais importantes, como Rosália das Visões, A Procissão dos Encapuzados e Cabras Machos – Grande Crônica de Santa Cruz. Na sua obra teatral se destacam as obras, Auto da Tentação, O Advinhas e O Profeta. Também são célebres os textos biográficos que escreveu sobre alagoanos ilustres como Graciliano Ramos, Linda Mascarenhas e Octávio Brandão.

"Sempre que a imagem da amiga, da professora/pesquisadora e da contista Heliônia Ceres (re)aparece na minha memória, as três imagens se fundem em uma só : a da inigualável contadora de histórias. Sob esse prisma, lembro a figura histórica de Heliônia, a amiga da conversa informal do dia-a-dia, a mestra competente e bem informada, a contista de saborosas e densas histórias. Esse último aspecto, sem dúvida, é uma marca inapagável na minha memória”, afirma a escritora e professora doutora da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Edilma Acioli Bomfim, consultora do Núcleo de Projetos de Extensão (NPE) do Cesmac que está organizando o seminário.

Segundo ela, poucas pessoas narravam o fato mais corriqueiro ou mais inusitado com tanta singularidade e gosto como Heliônia Ceres. “Para começo de conversa, não havia pressa; parecia dispor de todo o tempo do mundo e, partindo dessa premissa, o ato de narrar se transformava em um ato de prazer que impregnava todo o gestual, de que não se excluía uma boa dose de refinado humor”, relembra.

Para Edilma, escrever contos é um desafio porque o enredo narrativo precisa ser conciso, sem excessos, mas ao mesmo tempo completo. “Tais aspectos apresentados povoam os textos da autora, cuja biografia por vezes se confunde com a obra, no tom, no modo de relatar as singulares histórias que ela ‘artesanalmente’ nos deixou narradas. A partir dessa ótica, o conto passa a ser sinônimo de Heliônia e Heliônia é conto vivo que se fez palavra”, diz.

A escritora Heliônia Ceres de Melo e Motta nasceu em Maceió em 1927 e faleceu nessa mesma cidade em 1999. Segundo Edilma Bomfim, a escolha de sua obra pelo Cesmac para ser objeto de estudo reside no fato de ela ter-se revelado uma contista primorosa e de ter participado, entre as décadas de 50 e 70, do Movimento Feminista no Estado de Alagoas, integrando o Conselho Estadual de Direitos da Mulher.

Fonte: Assessoria

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