Produtores de milho comemoram chuvas

Agência AlagoasChuva ajuda ao comércio do milho em Alagoas

Chuva ajuda ao comércio do milho em Alagoas

As chuvas que começam a cair pelo interior de Alagoas têm animado agricultores familiares para o plantio do milho. Eles sabem que toda a produção que vier a ser colhida, terá demanda. Com a aproximação das festas juninas, o crescimento nas vendas é certo. Ano passado, o Estado tirou da terra pouco mais de 52 mil toneladas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para garantir esse alimento na mesa do alagoano e contribuir com o sustento de milhares de famílias, o governo iniciou este mês a distribuição de sementes por meio de entidades da sociedade civil organizada e secretarias municipais. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arapiraca, Geraldo Balbino, esta ação deve ajudar no fortalecimento da cultura em Alagoas.

“O milho faz parte das culturas, como o café e a cana, que deixam uma grande margem de lucro, mas se a produtividade é pouca, não faz diferença”, ressalta o sindicalista, referindo-se ao fato de que é preciso terras contínuas para o plantio.

Para se ter uma ideia do potencial de crescimento do cultivo de milho no Estado, somente uma única empresa que comercializa o produto para diversas regiões do país, o grupo Coringa, consome 7 mil toneladas por mês. Para manter seu negócio, compram de produtores de Sergipe, Bahia, Mato Grosso, além de Alagoas. “Nos faltam áreas para o plantio e atualmente os grandes produtores precisam trabalhar com a lavoura toda mecanizada, para que possam concorrer no mercado nacional”, declara o diretor da empresa, Sérgio Murilo.

Para ele, que já chegou a plantar o produto, o milho é um bom negócio. “Já chegamos a colher até 130 sacas por hectare”, lembra Sérgio Murilo, que destaca também a boa qualidade do milho plantado no Sertão e no Agreste. “A produção estava melhorando, mas muita gente parou”, lamenta. Murilo ressalta, entretanto, que trabalhar com a lavoura é assumir riscos, pelo fato de dependerem das condições do tempo.

“Vale a pena produzir. O problema para todos nós agricultores é o clima. Dependemos da chuva para o plantio”, reforça Antônio Wanderley, considerado um dos maiores produtores de milho em Alagoas, com plantações na região de Palmeira dos Índios. Ele é um dos principais fornecedores para empresas alagoanas e trabalha com a lavoura toda mecanizada. “Assistência técnica também é fundamental, principalmente para os pequenos produtores”, diz o agricultor, ao considerar positiva a decisão do governo em distribuir sementes para os agricultores familiares.

É justamente o pequeno produtor do interior o mais animado com a chegada das chuvas, que trazem também a esperança de uma boa safra para este ano. “O milho é um importante componente da atividade de subsistência dos agricultores familiares”, acrescenta Geraldo Balbino. Ele lembra que o produto é um dos principais alimentos dos agricultores e também é utilizado para a composição da ração animal, contribuindo para a geração de renda dos pequenos produtores. “Somente na cidade de Arapiraca são aproximadamente 10 mil famílias”, destaca.

“Em nossas terras, plantamos o milho todos os anos. A produção é vendida para os vizinhos e também serve para alimentar galinhas e o gado na propriedade, contribuindo para a diversificação da lavoura”, enfatiza Jorge Belarmino, que cultiva o produto numa área de 3 hectares, no Sítio Baixa do Capim, zona rural de Arapiraca. “Com essas chuvas, devemos iniciar a plantação nos próximos dias”, afirma.

Para Rosimeire Lima, do Sítio Genipapo, também no município de Arapiraca, o milho é um bom negócio para os agricultores familiares e pode render bem, caso o clima contribua. “Já plantamos e vamos plantar mais”, assegura a jovem agricultora. Para ela, é preciso também que os agricultores tenham condições de estocar o produto, no caso de espera pela melhora no preço da saca. Caso houvesse ainda um preço mínimo assegurado no mercado, as condições se tornariam mais favoráveis para todos. De acordo com Sérgio Murilo, a saca de 50 quilos do produto está com preço médio de R$ 25.

Pelas ruas de Arapiraca, o produto já se transformou em fonte de renda para muitas famílias. É comum ver pelas esquinas vendedores de milho assado e cozido, que conquistam os pedestres com as espigas à mostra, irresistíveis para muitos pelo sabor e por ser um alimento bastante nutritivo.

Dona Iracema Feitosa de Lima, todos os dias, monta sua banca na esquina entre as ruas Estudante José de Oliveira Leite e Esperidião Rodrigues, no Centro. O negócio tem rendido bons lucros para a família, tanto que ela e o marido, José Aparecido Feitosa, decidiram adotar a venda do milho como principal fonte de renda. “Ele vende em outro ponto da cidade”, conta ela, que comercializa cada espiga a R$ 0,75. Diariamente, Iracema tem vendido uma média de cem espigas.

“Quem vive sem um milho, sem um cuscuz. Trabalho há dois anos vendendo as espigas e, se Deus quiser, só vou deixar quando morrer”, comemora Iracema. Ela informa que, com a chegada do inverno, todo o milho que vende é comprado de produtores de Arapiraca. “No verão, o produto vem de Sergipe, porquê lá a plantação é irrigada”, conta.

Fonte: Marcelo Amorim/Agência Alagoas

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