Relatório aponta que 63 crimes de homofobia seguem impunes em Alagoas

O Secretário Geral do Grupo Gay de Alagoas, Nildo Correia, apresentou na tarde desta quinta-feira, 28, um relatório com dados sobre os crimes de homofobia cometidos entre 1993 e 2009 e que até hoje não foram solucionados. O documento reúne informações colhidas em delegacias, notícias veiculadas nos meios de comunicação e outras informações de familiares das vítimas.

Nildo Correia disse que o relatório foi elaborado depois que o Movimento LGBT nacional divulgou o ranking de estados com maior número de crimes de homofobia cometidos, e Alagoas apareceu em 5° lugar, além de ser o 3º colocado no ranking de crimes bárbaros.

“O relatório contém 67 crimes de homofobia que ficaram impunes. Sabemos que o número de casos é muito maior, – deve chegar a 100 casos – mas muitos se perderam no tempo, foram arquivados por falta de provas e nós ainda contamos com a dificuldade de acesso às famílias”, contou Correia.

Ele disse ainda que está investigando 18 casos de assassinatos de travestis alagoanas, durante os anos de 1985 e 1987. “Um das barreiras é a própria família das vítimas, que não querem se envolver ou tem medo. Além disso, muitas dessas vítimas só possuem nome social, o que dificulta o detalhamento dos casos para transmitir aos órgãos de segurança”, afirmou.

Casos

Questionado sobre as características dos crimes de homofobia, o secretário geral do GGAL, afirmou que são assassinatos – em sua maioria – com requintes de crueldade, cuja motivação está ligada a opção sexual da vítima. Nildo Correia citou como exemplo o assassinato do vereador por Coqueiro Seco Renildo dos Santos, ocorrido em 1993. Após assumir sua homossexualidade, Renildo dos Santos, foi esquartejado e a cabeça arrancada do corpo. Partes do seu corpo foram encontradas nos municípios de Xexéu e Água Preta, em Pernambuco.

Outro caso relatado foi o crime contra a dona de casa identificada como Nilda, assassinada de forma brutal no município de Coruripe. Ela vivia com a companheira, a vendedora autônoma Edileuza, e foi assassinada brutalmente a golpes de faca. Seu corpo foi encontrado completamente perfurado. Há indícios de que o crime teria ocorrido porque Nilda se recusou a se relacionar com um indivíduo daquele município.

“Para esses assassinos não basta só matar, eles acreditam que o homossexual precisa sofrer, ser humilhado”, por isso o crime é configurado como homofobia. Para o representante do GGAL, além da falta de interesse da Polícia em investigar os casos, a comunidade homossexual se queixa da morosidade da Justiça em julgar os casos.

Relatório

A capital alagoana aparece em primeiro lugar no Estado em crimes de homofobia. Maceió registrou, entre 1993 a 2009, 58 assassinatos, todos impunes.

O relatório será entregue nesta sexta-feira, 29, aos representantes da segurança pública e órgãos de Direitos Humanos.

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