O sepultamento do taxista Severino dos Santos, 62 anos, vítima de latrocínio na tarde de quarta-feira, 10, levou inúmeros taxistas, familiares e amigos ao Cemitério Parque das Flores. O clima de tristeza e indignação era compartilhado por todos que conviveram com a vítima.
Benedito dos Santos, irmão da vítima, contou que esse é o segundo irmão que perde vítima de latrocínio. “Há três anos meu outro irmão, Geraldo, foi assassinado no Tabuleiro. Depois de receber o dinheiro da venda de um veículo ele foi roubado e assassinado por dois homens”, desabafou.
Jetro Alves, taxista que era colega de Severino, disse que a categoria fica mais vulnerável com a violência que assola o Estado. “O bandido sabe que o taxista sempre tem qualquer dinheirinho. Para ele, qualquer R$ 20 ou celular que pode custar uma vida é lucro”, disse.
Alves disse ainda que assaltos contra taxistas são corriqueiros a qualquer hora do dia e que muitos sequer registram a ocorrência devido a burocracia. “Infelizmente, Severino é mais um para as estatísticas”, finalizou.
Denúncia
Durante o velório, a vereadora Heloísa Helena (PSOL), que conhece a família da vítima, denunciou a via-crúcis enfrentada pela família do taxista para conseguir a liberação do corpo do IML. No local, onde há falta de água, a única bomba está quebrada.
“O que aconteceu foi um absurdo. Depois da necropsia não havia água no IML para banhar o corpo. O filho da vítima teve que arrumar uma bomba emprestada e instalar para poder banhar o pai. Além da dor da perda, da violência, a família ainda tem que sofrer com essa falta de dignidade”, disse a vereadora.
O crime
Segundo informações da Polícia Militar de Alagoas, Alisson Douglas da Conceição e Rafael Joaquim se passaram por passageiros e anunciaram o assalto ao taxista na Rua Félix Bandeira, no Conjunto Joaquim Leão.
Severino chegou a pedir socorro para amigos de profissão e moradores da região, mas foi atingido com um tiro no peito. Os dois assaltantes fugiram e Severino foi encaminhado ao Hospital Geral do Estado por outro taxista, mas faleceu antes de receber atendimento médico.
O taxista era casado e deixa três filhos.