Proclamador da República é pouco conhecido em sua terra natal

ReproducãoMarechal Deodoro nasceu em município localizado a 25 km de Maceió (AL)

Marechal Deodoro nasceu em município localizado a 25 km de Maceió (AL)

Na cidade onde nasceu o proclamador da República, o marechal Deodoro da Fonseca, a população pouco conhece ou nunca ouviu falar do primeiro presidente do Brasil, que assumiu o cargo após a derrubada do Império há exatos 120 anos, em 15 de novembro de 1889.

O município de Marechal Deodoro fica a 25 km de Maceió, às margens da Lagoa Manguaba, e tem uma das praias mais visitadas e belas do Brasil, o Francês. No lugar, navios da Segunda Guerra Mundial foram afundados pelas tropas alemãs, piratas franceses tentaram invadir o Brasil pelo mar durante o período colonial e igrejas em restauração guardam mistérios: túmulos de famílias influentes de Alagoas foram descobertos durante as escavações.

A casa onde nasceu e viveu o marechal é um museu. Há três dias, a cidade está em festa em comemoração à proclamação, mas o pescador Chagas da Silva, 64 anos, desconhece o porquê de tanta gente que vai e vem pelas ruas e praças de Deodoro. "Sei não, é por causa do governador que tá vindo para cá?", pergunta.

"Tem a ver com o Lula? Por que me disseram que ele não vem para cá. Sei não por que tanta festa", disse. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi convidado para a festa. Não foi, mas mandou representantes do governo federal para anunciar obras no município.

O funcionário público João Jacinto da Silva ouviu falar pouco do filho ilustre de Marechal ou da Proclamação da República. "Não sei bem quem ele foi. Sei que vai ter um show do Zezé di Camargo e Luciano no domingo. Por isso tem a festa, não é?", pergunta.

Armando o palco que vai receber as autoridades para o desfile militar deste domingo, Ivanildo Santos da Silva sabe da Proclamação. "Ouvi falar do Marechal Deodoro, mas, o que é mesmo esse período da História brasileira?", questiona. "Sei lá, tem a ver com um representante aqui da cidade", responde a sua propria indagação. E a festa? "Dizem que é porque vão anunciar um monte de coisas no Francês".

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marechal Deodoro, o município, tem 45.141 habitantes. Cerca de 65% da população é pobre; 6.292 habitantes são analfabetos e apenas 99 pessoas recebem acima de 20 salários mínimos. Por causa do alto índice de assassinatos, duas favelas receberam nomes de países em conflito: Iraque e Israel. O "Iraque" de Marechal Deodoro chama-se hoje Conjunto Esperança.

Na última semana, a movimentação nas escolas era considerada acima do normal. Os alunos preparavam-se para o desfile militar, as bandas de fanfarra conferiam as partituras e treinavam as músicas para o dia festivo. "Há 170 anos Marechal Deodoro deixou de ser a capital de Alagoas e, por três dias, depois de um decreto legislativo, o governador transferiu para a cidade do proclamador a chefia do Executivo Estadual em comemoração a este dia", lembra o secretário do Gabinete Civil, Álvaro Machado.

A comemoração dos 120 anos da República começou na sexta-feira e trouxe autoridades a Marechal Deodoro. Entre elas, o governador Teotonio Vilela Filho. Há poucos metros da prefeitura, lotada de políticos, a vida na cidade continuava quase normal. Uma rotina só quebrada pela quantidade de policiais circulando pelas ruas.

O reforço de PMs, a pedido do prefeito Cristiano Matheus (PMDB), existiu por causa de boatos sobre protestos contra sua administração. Foram apreendidos panfletos que chamavam o mandatário municipal de "mentiroso". "Estamos no 11° mês de administração e estamos superando desafios", disse. Em Marechal, prefeitos e vereadores já foram afastados dos cargos, acusados de corrupção e lavagem de dinheiro.

Deodoro da Fonseca

Marechal Deodoro da Fonseca nasceu em 5 de agosto de 1827 em Alagoas. Entrou na política em 1885. Era um dos homens mais próximos ao imperador Dom Pedro II. Em 15 de novembro de 1889, proclamou a República. Iniciou a República das Espadas, porque dois marechais ocuparam a presidência: Deodoro e, logo depois, o também alagoano Floriano Peixoto, isso antes de dar início a República Velha, com presidentes civis.

Fonte: Terra

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