Empresários afirmam que projeto de lei beneficia cartórios ligados a deputado

Luis Vilar/Alagoas24horasConstrutores reclamam da concentração dos cartórios de registro de imóveis da capital

Construtores reclamam da concentração dos cartórios de registro de imóveis da capital

Um grupo de aproximadamente dez empresários ligado à Construção Civil esteve reunido, na manhã de hoje, dia 16, para unir forças contra um projeto de lei – de origem do Poder Judiciário – que deve ir à segunda votação na Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas nesta terça-feira, dia 17. O projeto (576/09) – que já foi aprovado em primeira votação – é, segundo o empresário Carlos André Lins de Lima, uma forma encontrada para favorecer aos cartórios de registro de imóveis da 1ª e 3ª circunscrição, criando um “cartel”, que obrigaria todos os construtores a pagarem taxas exorbitantes a um único beneficiário.

O detalhe é que – conforme o empresário – os cartórios possuem ligação direta com o deputado estadual Sérgio Toledo (PDT). De acordo com Carlos André, é possível que Toledo esteja por trás das negociações para a aprovação do projeto de lei, que é oriundo do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas. “A presidente do TJ, Elizabeth Carvalho, pode ter sido induzida a erro, como aconteceu com outros deputados estaduais que aprovaram o projeto, achando que votavam em uma lei com base em uma recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o que não ocorreu”, destacou.

Carlos André coloca ainda que o grupo de empresários já fez contatos – desde a sexta-feira, dia 13 – com alguns deputados estaduais que se mostraram surpresos ao tomar conhecimento da suposta manobra que beneficia a 1ª e 3ª circunscrição de registros imobiliários. O empresário coloca que antes a situação de registro de imóveis já era ruim, por conta do domínio de um único grupo, que é ligado ao deputado estadual Sérgio Toledo. Toledo é o representante político dos interesses dos cartórios, destaca o empresário.

Com o projeto de lei, ainda segundo Carlos André, a situação piora, já que os registros dos imóveis que por ventura venham ser construídos nas áreas de maior expansão imobiliária – como o Litoral Norte, por exemplo – passa a representar lucro para a 1ª e a 3ª circunscrição. Os construtores afirmam não saber quanto os cartórios lucram, mas há exemplos de diferenças de taxas que surpreendem, quando comparadas com a cidade de Recife (PE).

Há exemplos de custos com cartórios de R$ 180 mil, em Maceió, que seriam de R$ 6 mil, caso a obra fosse registrada em Recife (PE). O lucro seria tão exorbitante – conforme o empresário – que já foi feito acordo com construtores, cujo desconto das taxas chegou a 70%. Após a inspeção do CNJ, em Alagoas, a situação dos cartórios de registros imobiliários foi citada no relatório de recomendações encaminhadas ao Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas.

O CNJ recomenda que sejam reestudadas as áreas de atuação dos três cartórios que existem em Maceió, para identificar, inclusive, a necessidade de novos cartórios. De acordo com Carlos André, o projeto de lei se antecipa a recomendação criando um projeto de lei que assegura a atuação dos três cartórios existentes, impedindo inclusive o surgimento de novos. O empresário coloca que desta forma seria mantido o monopólio, que possui como representante o parlamentar Sérgio Toledo.

Efetivamente, o grupo de empresários formou uma linha de frente para impedir a aprovação do projeto. Eles estão realizando um ‘corpo-a-corpo’ com alguns deputados estaduais para convencê-los de votarem contrário. Paralelamente a isto, os empresários denunciaram a situação ao Conselho Nacional de Justiça, colocando que o projeto de lei “contraria a recomendação deste”.

Domínio

Para se ter idéia, no documento encaminhado ao CNJ, os empresários afirmam que só o 1° Cartório do Registro Geral de Imóveis e Hipotecas, ligado ao deputado estadual, segundo o empresário, “é responsável por mais de 80% da área de maior movimentação imobiliária da capital do Estado, o que, evidentemente, mantém desequilibrada a divisão territorial”.

Além disto, o documento questiona a permanência de apenas três cartórios. Os empresários denunciam ainda que o 1° e o 3° possuem a mesma família do deputado estadual Sérgio Toledo, de acordo com o documento encaminhado ao CNJ pelo grupo. “A influência de Sérgio Toledo é claramente perceptível, já que seu genitor é justamente oficial do 1° Cartório do Registro Geral de Imóveis e Hipotecas de Maceió”, escrevem os empresários no documento entregue ao Conselho.

Estudos

Na mensagem encaminhada pelo Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas à Assembleia Legislativa para que se vote o projeto de lei, segundo Carlos André, fica visível a ausência de um estudo para definir, inclusive, as áreas dos cartórios.

“As delimitações (de áreas) propostas foram definidas a partir de detidos estudos encetados por Comissão Especial constituída pela portaria de número 745, expedida por esta presidência (do TJ/AL), em 7 de agosto de 2009, com a ativa colaborativa participação dos três oficiais que dirigem os serviços registrais considerados”, escreve a mensagem encaminhada por Elizabeth Carvalho. Ou seja, conforme os construtores, os donos dos cartórios teriam definido suas próprias áreas de atuação.

Na Assembleia, o projeto teve parecer favorável na Comissão de Orçamento, Finanças, Planejamento e Economia, cujo relator foi Isnaldo Bulhões (PDT). Logo em seguida, recebeu uma emenda do deputado estadual Ricardo Nezinho, que alterca os incisos do 2° artigo do projeto especificando as que as áreas de atuação correspondem aos cartórios ligados a Sérgio Toledo. Para Carlos André, Nezinho agiu sob influência do outro parlamentar.

Com o texto final pronto, o projeto foi a primeira votação e aprovado. Agora, os empresários brigam para que não passe pela segunda votação, que deve ocorrer justamente amanhã.

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