Brasileiras que mais abortam já são mães

Rio – A maioria dos abortos no país é praticado por mulheres de 20 a 29 anos, que trabalham, têm pelo menos um filho, usam métodos contraceptivos, mantêm relacionamentos estáveis e são católicas. O perfil foi traçado por um estudo que reuniu mais de 2 mil pesquisas sobre o aborto no Brasil, elaboradas nos últimos 20 anos, com base em informações de mulheres atendidas em serviços públicos de saúde depois de induzir o aborto em casa.

O levantamento, realizado por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), aponta o uso do Cytotec, remédio de venda controlada, como principal método abortivo utilizado no Brasil. Indicada para problemas gástricos, a substância que interrompe a gravidez indesejada foi usada por até 84% das mulheres que fizeram abortos no país de 1997 até o ano passado.

Por amostragem, pesquisadores concluíram que cerca de quatro milhões de brasileiras fizeram aborto nos últimos 20 anos. Segundo a antropóloga da UnB Débora Diniz, o perfil apontado não traz surpresas, pois reproduz as características gerais das brasileiras em idade reprodutiva. Débora destacou, no entanto, o fato de mais de 70% das mulheres que abortaram serem mães.

“Essas mulheres decidem pelo aborto já tendo um filho. Diferente do que vulgarmente poderia se imaginar, são mulheres já com experiência de cuidado com filhos. Elas tomam a decisão do alto da responsabilidade da maternidade”, ressaltou.

O relatório mostra ainda que, quanto maior a renda e a escolaridade, maiores são as chances de a primeira gravidez resultar em aborto entre mulheres de 18 a 24 anos.“Não há correlação imediata de que a pobreza é o que leva à decisão pelo aborto. São decisões sobre planejamento reprodutivo, concepções de família, concepções de vida, de inserção no mundo do trabalho, que levam as mulheres a essa tomada de decisão”, avaliou.

Fonte: O DIA/RJ

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