Mais um protesto explode Maceió na tarde desta quinta-feira, 31. Desta vez, cerca de cem familiares de reeducandos do presídio Baldomero Cavalcanti bloqueiam o trecho da BR-104 que fica em frente ao Sistema Prisional, no Tabuleiro do Martins.
Um grande engarrafamento já se forma e o clima é tenso no local, principalmente depois que a esposa de um reeducando teve a perna quebrada ao ser atropelada pelo motorista de um Gol cinza – cuja placa não foi anotada – que furou o bloqueio. A mulher, que não quis ser identificada, foi socorrida por homens do Corpo de Bombeiros e encaminhada para a Unidade de Emergência.
Depois do dia de visita, os manifestantes, entre eles muitas mulheres, idosas e até crianças, fecharam a pista com pedras e fizeram um cordão de isolamento humano para evitar a passagem de veículos. Alguns passageiros de ônibus estão tendo que prosseguir o percurso a pé devido ao congestionamento.
Os manifestantes pedem a presença de algum representante do Sistema Prisional para discutir as reivindicações com relação aos presos do Baldomero Cavalcanti. A principal delas é a saída do gerente-geral do presídio, Welligton Moisés que, segundo os familiares dos presos, seria o responsável por um tratamento mais rígido e desumano no presídio.
“A entrada com alimentação é proibida, mesmo com revista, e algumas vezes os presos chegam a passar fome lá dentro”, diz a mãe de um detento, mostrando alguns pães que estariam sendo servidos apenas como café nas refeições.
As mulheres denunciam também que estão sofrendo constrangimentos desnecessários com a revista íntima, com a utilização de espelhos e a existência de vários presos com tuberculose sem assistência médica adequada no presídio.
Disciplina
O gerente-geral do presídio, Welington Moisés, negou por meio da assessoria de comunicação da Intendência Penitenciária que esteja sendo aplicado tratamento desumano no Baldomero Cavalcanti, mas disciplina, e que tal rigor pode estar causando descontentamento aos presos e familiares.
O gerente contestou os argumentos apresentados pelos familiares a começar pelos procedimentos adotados na revista íntima que, segundo ele, tem sido realizada de forma a causar o mínimo de desconforto às mulheres.
"As mulheres são orientadas a sentar em um banquinho usando roupa íntima e o outro procedimento – que é adotado apenas em suspeita de transporte de drogas ou celulares – é o agachamento. O uso do espelho já foi utilizado algumas vezes, mas foi coibido e os agentes que realizaram o procedimento punidos", rebateu Welington Moisés.
Ele garantiu que a alimentação dos presos está sendo fornecida de forma correta e que continuam podendo receber alimentação dos familiares, mas de forma limitada, por questões de segurança. "Não entendo o motivo do protesto dos familiares, inclusive, no dia em que implantamos um sistema que agilizou a entrada no presídio, que já foi uma reivindicação dos manifestantes", acrescentou.
Ao todo são 530 reeducandos no Presídio Baldomero cavalcanti, que possui capacidade apenas para 348.