Integrantes de grupo de extermínio vão a julgamento

O drama de uma família, que há quatro anos tentar sepultar o corpo do seu filho querido, terá um novo capítulo nesta segunda-feira, dia 10, com o julgamento dos autores materiais do assassinato do jovem Carlos Roberto Rocha dos Santos, de 31, crime ocorrido no dia 12 de agosto de 2004. Serão julgados Adézio Rodrigues Nogueira, Leone Lima, Valter Paulo dos Santos, Nelson Osmar Vasconcelos, acusados de integrar um grupo de extermínio que teria como chefe o ex-deputado estadual e vereador eleito por Maceió, Luiz Pedro.

A data do julgamento foi estabelecida por meio de decreto do juiz José Braga Neto, da 17ª Vara Crominal da Capital, publicado na edição da última quarta-feira, 5, do Diário Oficial do Estado. Em julho desse ano, Braga Neto pronunciou Luiz Pedro como autor intelectual do crime. O julgamento está previsto para iniciar às 7h30.

Carlos Roberto foi levado da sua casa por volta das 1h30 da madrugada do dia 12 de agosto de 2004 e assassinado com 21 tiros nas proximidades do Conjunto Habitacional Tabuleiro do Martins. O fato mais intrigante é que os familiares da vítima só tiveram acesso às informações dois anos e oito meses após o crime.

Durante a fase de inquérito policial, o agente penitenciário Luis Vagner, principal testemunha do crime, teria afirmado que as pessoas responsáveis pelo seqüestro e morte do jovem seriam ‘capangas’ de Luiz Pedro. Apesar de descobrir como se deu a morte do filho, o pai de Carlos Roberto, Sebastião Pereira, até hoje luta pata tentar encontrar os restos mortais do seu filho.

Pai de Carlos Roberto, o funcionário público Sebastião Pereira percorre, desde o dia do crime, uma verdadeira via-crúcis para localizar o corpo do seu filho. Um dia após o assassinato, Sebastião foi ao Instituto Médico Legal Estácio de Lima e foi informado que nenhum corpo sem identificação teria dado entrada no lugar. Anos mais tarde, por meio do laudo cadavérico e de fotos da necropsia, Sebastião reconheceu seu filho, mas jamais teve explicação oficial do instituto para não ter tido acesso ao corpo.

Em junho de 2007, uma falsa esperança, a Justiça determinou a exumação de um cadáver que deveria estar sepultado no Cemitério Divina Pastora, em Rio Novo. Ao chegar ao local, os peritos – entre eles o diretor do Instituto Médico Legal, Kleber Santana – constataram que o túmulo estava violado e o corpo não mais se encontrava no local. O cadáver – segundo a Polícia Civil – era do jovem Carlos Roberto da Rocha.

A Polícia Civil de Alagoas chegou a prender o administrador do cemitério Divina Pastora, Valfredo Izidoro dos Santos, acusado de ter sumido com cadáver a mando do ex-deputado para atrapalhar as investigações.

“Eu não me conformo com o seu desaparecimento porque tenho provas de que ele deu entrada no IML, tenho o DNA, tenho as fotografias do corpo e outros documentos que comprovam que foi encontrado. Resta saber o motivo pelo qual as pessoas teriam sumido com ele”, questionou o pai de Carlos Roberto, à época da exumação.

Enquanto os autores materiais começam a ir a julgamento pela morte de Carlos Roberto, o ex-deputado Luiz Pedro, permanece preso, sob a custódia da Polícia Civil de Alagoas. Eleito vereador por Maceió, o ex-parlamentar desenvolveu sua campanha de dentro das grades e luta, agora, para tomar posse no dia 1º de janeiro.

Na outra ponta da cadeia, Sebastião Pereira abriu mão do Programa de Proteção às Testemunhas para tentar obter a condenação daqueles que tiraram a vida do seu amado filho.

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